terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Post #217

Armado com meus olhos e minha mente.
Rodeado de falsos cobertos de intriga.
Não sinto aquele amor que você sente.
E minha lágrima é minha maior inimiga.

Tento manter forte toda essa amizade.
Incrível como isso tudo pode mudar.
Tudo o que senti antes, não sobrou metade.
Sinceramente, de matar, já senti vontade.

Armado somente com a minha mente.
E tudo isso me ensinou a crescer.
Não oi nas minhas trocas de dente.
Que aprendi a amadurecer.

Nunca fiz coisa desse tipo.
Nunca soube ser positivo.
Agora isso eu antecipo.
E espero não ser mais negativo.

E é armado com a minha mente.
Que nessa chuva vou andando.
Olhando sempre pra frente.
Coisas negativas sempre evitando.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Voa que voa, coração!

Sentado da mesa deste barzinho.
Avisto uma bela moça a se sentar.
Namorando os pássaros com carinho.
Enquanto os vê dançando no ar.

Disfarço o quão linda achei a cena.
Com sardas no rosto. Branca feito cegonha.
Até mim sua voz não virá. Uma pena.
Apesar de homem feito, tenho ainda vergonha.

Sentado à mesa, de café desce um gole.
Por seus movimentos tento não me apaixonar.
Minha fraqueza me bate. Não saberei seu nome.
Pois nunca teria a petulância de perguntar.

Em minha lista, agora, coloco tal menina.
Onde a paixão veio e ficará eternamente.
Foi-se com meu coração entre a neblina.
Enquanto fico a suspirar pateticamente.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Post #215

Minha contagem já passa de mil.
Dias escuros em que ainda respiro.
A certeza de que sou alguém vil.
Aumenta depois de cada suspiro.

Ainda ando na escuridão da estrada.
Em toda parte que vá, não acho abrigo.
Comigo hoje não tenho associada.
A compaixão sincera de qualquer amigo.

Sinto-me fraco de vez, um nada!
Uma peste que vaga sem direção.
Na agonia, mantenho a alma calada.
Onde não se ouve o bater do coração.

Quero despertar de tal pesadelo!
Quero, apenas, descobrir que estou bem!
Por favor, bocas, ouçam meu apelo!
Alma fria, coração gelado, só quer ter alguém.

Post #214

Oi.

Depois de, novamente, ficar um bom tempo afastado do blog, volto para dizer que não trago nada de novo. Como sei que há, realmente, muito pouca gente que lê o blog, estou provando que só estou escrevendo isso por não ter o que fazer. Resolvi fazer um twitter para o blog. Como se fosse algo só para encher o meu tédio de raiva e, fingir ainda mais, que faço alguma coisa da vida, o que na verdade é real. @netopacidade.

O mês de novembro foi legal e dezembro chegou, como tanto temia nos primeiros posts do ano. Não arranjei namorada e nem o gato. Não sei mais se isso é prioridade, ou se um dia foi, mas o fato de "sobre estar só: eu sei" é meio incômodo ainda, talvez não tanto quanto já foi, mas ainda aperta.

Bem, provavelmente eu use o twitter para falar alguma coisa, postar frases aqui do blog quando não tiver o que fazer, ou só mesmo... não sei, até ter o final do Post #152.

Bom final de ano a todos!

domingo, 21 de novembro de 2010

Post #213 (#152 Pt. XXV)

Dois dias depois eu resolvi parar com aquilo. Desci novamente para comprar comida para o Doyle - ele era mais importante do que eu mesmo naquele momento. Demorei algum tempo, enquanto comprava tudo, resolvi comprar mais bebidas. Voltava pra casa com frio. O clima estava diferente, o clima dentro de mim estava tenso, as coisas dentro de mim não funcionavam certo. Nunca tinha bebido como estava bebendo, nada de dependência, só achava que assim conseguia esquecer tudo o que sentia.
Tudo aquilo mudou quando voltei pra casa. Não sei ficava feliz ou triste, mas ela estava dentro da minha casa segurando algumas caixas pequenas e um bouquet de margaridas brancas. Logo perguntei:

- O.. o que você está... fazendo aqui? - já quase chorando.
- Lembra de quando nos encontramos comprando flores? Eu disse que tinha achado outra pessoa? Então, era mentira. Essas flores são para você. Eu estava ciente de que você estava arrependido, eu te conheço bem. Você é a pessoa mais compreensiva e transparente que eu já conheci em toda a minha vida.
- Então isso quer dizer que você vai voltar a morar comigo?
- E isso não é tudo. Olhe!

Quando prestei atenção, tinha duas canecas de café sobre a mesa, ao lado de um bilhete perfumado. Só que o mais legal estava no corredor que dava para o quarto. Junto de Doyle, branca como neve, de laço vermelho e olhos azuis, uma bola de pelos feminina - a gata que Doyle sempre quis, de nome Helena. Ah, como Bárbara era incrível. Brincou comigo, quase me matando do coração, dizendo que tinha encontrado outra pessoa, voltou dois dias depois com uma companheira para Doyle.

- Amo você!
- Também! E prometo nunca mais te fazer chorar.

Post #212 (#152 Pt. XXIV)

Desci as escadas com uma imperturbável delicadeza. Eu estava realmente disposto a consertar tudo o que tinha estragado. De colar cada pedaço do coração de Bárbara. O dia estava bonito mas nenhum pássaro cantava. As ruas estavam vazias. Não quase carro nenhum aquele dia, e era meio de semana. Achei aquilo estranho mas nada poderia me deixa não-confiante.
Resolvi parar numa banca de revistas comprar alguns chocolates que ela gostava. Comprei e saí. Sem fazer muito luxo. Eu estava barbudo e com o cabelo curto, quase raspado. Acho que se ela me visse não me reconheceria, então resolvi tentar fazer surpresa... e eu nem sabia onde ela estava. Isso era a coisa que eu mais sabia fazer: criar mundos paralelos onde tudo dava certo para mim e só depois descobrir que nada era real. Continuei andando e passei por uma banquinha que vendia flores na época. Numa praça bonita que tinha um cheiro estranho de vez em quando. Antes de mais nada, pedi margaridas brancas quando olhei uma mulher de costas. Sim. Era ela. Bárbara comprava flores. Não estava preparado para falar com ela naquele momento, eu estava pensando em fazer alguma outra coisa, comprar flores para lhe entregar com os chocolates e tudo mais... conversamos sem muita excelência:

- Ora... que surpresa.
- Olá. - disse surpresa - O que faz aqui?
- Vim buscar flores. Saí com a vontade de te ter novamente. Comprei chocolates, veja!
- Glenn, desculpe, mas eu tenho outra pessoa. Estou aqui para comprar flores para ela?
- Como assim? - com os olhos marejados - como assim tem outra pessoa?
- Sinto muito, Glenn. Você se lembra do que me fez? Espero que você fique bem. Não guardo rancores.
- Como assim? Você só pode estar brincando comigo! Bárbara, eu estou arrependido. Eu amo você! O Doyle sente sua falta, minhas canecas, sofá, chinelos, tudo sem a sua falta. Sentem falta do seu cabelo, do seu cheiro, da sua voz... Por favor, não faça isso comigo!
- Glenn. Isso tudo é muito bonito, mas eu tenho outra pessoa. - sorriso meia boca, como se estivesse gostando de me ver daquele jeito.

Eu já desolado, larguei as flores e saí dizendo um tchau sem graça. Na volta para casa ainda parei para comprar bebidas. De lá em diante, as minhas noites já não existiam mais. Parei de desenhar e a comida em casa tinha acabado. Tornei-me um miserável em pleno centro da cidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Post #211

Meu guarda chuva me priva da única coisa que me faz bem hoje em dia.
O meu cachorro me ama de tal forma que me sinto a melhor pessoa do mundo.
O otimismo que quer entrar em mim funciona tal como um câncer.
Toda aquela coisa legal que me fazia sorrir ainda me faz. Gosto disso.
Conheço pessoas e estabeleço padrões muito altos. Ah, como queria saber esquecer tudo isso.
Alguns pêlos de gato e uma língua áspera no rosto me alegrariam bastante.
Talvez eu só quisesse você. Talvez eu só quisesse conversar.
Que tal vir mais pra perto? O sol se abrirá e brilhará para nós.
Não se preocupa, você se esquece de mim rápido.
Árvore que me conta o segredo, por me tiraste de teus pés?
Chuva que me convida para dançar, por que me dá uma capa?
Lista de quem ainda se importa comigo: eu.
Lista de quem não sabe aproveitar que gosta de mim: eu.
Lista de quem se acha um idiota por isso: eu.
Lista de quem queria ter um tanto mais de coragem: eu.
Lista de quem já está achando isso muito idiota: eu.
Tô a fim de te abraçar.

Post #QualquerCoisa

A solidão bate a porta outra vez.
Bebo da água suja que é a vida.
Dessa tristeza ainda sou freguês.
E a culpa é toda sua, querida.

Ainda me deito sozinho pensando.
Se um dia alguém se deitará também.
Cansei se imaginar, assim, amando.
Vivo sozinho e ainda sem ninguém.

Rastejo no chão como quem é impuro.
implorando para em seu colo deitar.
Só queria que me tirasse do escuro.
Que deixasse minha boca falar.

Dizer tudo o que tenho guardado.
Abrir meu coração para o mundo.
Não quero ser, outra vez, abandonado.
Não quero, outra vez, chorar profundo.

Faz tanto tempo que não escrevo algo assim.
Ainda não sou correspondido no amar.
Talvez por isso saia tudo tão ruim.
E o certo a fazer seria parar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Post #210 (#152 Pt. XXIII)

Passaram-se alguns meses que Bárbara havia me deixado. Larguei meu emprego e vivi boa parte do tempo fazendo caricaturas na porta do prédio onde eu morava. Tive sorte, vendia cada uma por um preço meio alto mas sempre conseguia dinheiro. Consegui viver bem com esse dinheiro. Em casa as coisas estavam cinza demais. Doyle miava agoniado a falta de uma peluda, eu não sorria mais como quando ela estava aqui perto para me fazer cafuné. Não sabia onde ela estava e nunca mais tive vontade de ir ao sebo onde trabalhava. Seu Fachada não me telefonava nem para tomar café na sua casa. Foi o período mais solitário da minha vida. Tinha horas onde eu me perdia e me achava olhando para as fotos, passando os dedos em seu rosto, enquanto lembrava de toda a nossa história. O cheiro do seu café exalava tão forte que dava vontade de beber. O gosto da comida horrível que ela fazia me dava fome. Com a merda que tinha feito, aprendi a amá-la mais ainda, cada hora que passava, a cada volta de ponteiro eu me arrependia mais de ter saído do controle naquela noite. Não entendia como tinha conseguido ser tão idiota.
Numa certa quinta-feira, a minha vontade de procurar por ela e tentar pedir desculpas explodiu dentro de mim, fazendo eu levantar da cama com nenhuma vontade de desenhar, mas sim, de buscar novamente o amor da minha vida. Doyle estava gordo. Parecia aqueles velhos rabugentos que depois que casam ficam mais rabugentos ainda. Não queria ir à janela, não queria ir ao meu colo, queria só saber de dormir e comer. Ele era a coisa mais importante na minha vida, então.
O dia era 16 de setembro. Fazia um calor atípico para a data e, não sei porquê, eu estava adorando aquilo. Sempre achei um erro da minha parte pensar positivo a respeito de alguma coisa. Sempre achei que se fizesse isso, tudo daria errado pra mim. Odiava mais isso do que aquelas pessoas que falam mal de você e depois pedem para que você leia a coluna dela no jornal.

juro que continua...

sábado, 9 de outubro de 2010

Post # 209

Nem sei o que escrever mais. Talvez eu demore mais um mês pra voltar a postar. Adeus!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Post #208

Tô triste por saber que daqui um tempo esse blog vai ser ridicularizado em algum lugar da internet de maneira indireta. Eu deveria estar ciente de que eu estaria sujeito a esse tipo de coisa. Sei lá, tô arrependido de um dia ter pensado em fazer isso, hahaha. Fico chateado, mas né...

domingo, 26 de setembro de 2010

Post #207 (Vento Pt. IX)

Minha mão está gelada, sinto falta dos seus dedos.
Meu café já está esfriando, preciso tirar logo você daqui de dentro.
Escontrei seu bilhete hoje pela manhã, ainda não acredito em tudo isso.
Saiu sem dar tchau. Deixou o batom no espelho. Matou-me logo cedo.
Para onde foram aquelas minhas palavras bonitas?
Esperanças que hoje se escondem de baixo dos tapetes. Quanta bobagem.
A rima fugiu me deixando sozinho nessa chuva. Que falta você me faz.
Eu preciso de um apoio para continuar, preciso andar sozinho com minhas pernas.
O sentido que tudo isso faz me deixa abismado.
Saí apressado atrás do trem que partiu.
Não tive a oportunidade de me despedir.
Não segurei o choro quando seu lenço caiu.
Dizendo que minha vida não poderá colorir.
Volto para casa com meu sujo paletó.
O bouquet em minhas mãos já não vale nada.
Molhado de chuva e manchado de pó.
Ando sozinho nessa deserta estrada.
A vida vai embora conforme nasce o sol.
Meu amor foi embora como quem nunca amou.
Deito-me sozinho em meu gelado lençól.
Percebi que agora minha vida acabou.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Post #206 (Vento Pt. VIII)

Esqueci como eu faço para não me importar. Preciso logo de um mapa, quero sair dessa escuridão.
Estou preso em minha cabeça, a pior prisão que eu poderia ter inventado.
Grades me isolam de todas as coisas boas, aqui onde estou só me restam xícaras vazias e papeis rasgados.
Aqui não bate vento e nem tenho árvore para conversar. Chover, então...
Nunca pensei que torceria tanto para uma noite acabar.
A chuva de cá é quente demais, cadê todo aquele frio que chamava meu nome?
Ah, o que seria de mim sem vocês, dúvidas?
Olhei para o lado e não vi você. Corri para a cozinha e não vi você. Abandonou-me quando eu menos esperava.
Já não escrevo como antes ou será mais uma dose de (...)?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Post #205 (Vento Pt. VII)

Enquanto a chuva corre a calha, diga que me ama e te preparo um chazinho.
Cansei de procurar no escuro aquele "te amo" que sua boca deixou cair.
Custa aparecer nessa janela e me jogar um beijo com a mão para eu poder dormir em paz?
Percebi que, em todos os dias que te vejo, minha cama fica mais macia. Durmo melhor.
Adentro à floresta das prosas. Minhas linhas andam demais e sempre param em você. Sempre escrevo sobre você.
Conheci um zé bosta que fazia umas frases e ninguém lia. Coitado do menino.
Bebês e seus pés que mais parecem bisnaguinhas.
Minha mão chama tua cintura.
Árvore, conte-me um segredo teu. Posso deitar aos seus pés?
Que saudades tá me dando de você, preciso logo fechar esse meu livro.
Tá me dando uma dor de barriga toda essa melação nas frases.


Post #204

Quanto mais penso em escrever nisso, mais me arrependo de ter começado.

Post #203 (#152 Pt. XXII)

Meu sábado começou pior do que nunca. Era manhã e chovia muito. Não tinha café, logo, teria que buscar. Saí cedo ainda com meus pijamas. Meu casaco favorito ainda estava com o cheiro dela o melhor do mundo. Não tive coragem de vestílo. Minhas olheiras tomavam conta do meu rosto todo, era como se eu tivesse levado uma surra sem esboçar reação. Eu estava pálido e muito triste, minha aparência era, de fato, medonha. Guarda chuva eu não tinha mais, pois, o meu era o qual ela tinha levado junto com as lágrimas. Cheguei à padaria mais parecido com um indigente, um completo ultraje. Peguei meu café e voltei aos meus aposentos.
Doyle também se sentia triste, isso era visível em seus bigodes. Fiz o café, sentei-me com Doyle na janela enquanto ouvia-mos Orlando Silva.

— "A tristeza é a minha companheira
É a única mulher que me quer bem.
Pobre de quem passa a vida inteira.
Sem ter a amizade de alguém."

Post #202 (#152 Pt. XXI)

Eu já não sabia mais quem eu era. A impressão que dava era que eu tinha levado um bilhão de pancadas na cabeça. O relógio caminhava devagar. Marcava 4:00h e minha vida agora tinha partido. Comecei, então, a me perguntar o que teria me tirado do controle. Parei. Percebi ali, que eu consegui ser a pessoa mais estúpida do mundo. Em casa, tudo se tornou sem graça. Doyle estava assustado e não queria me abraçar. Ele sentia nojo de mim, conseguia sentir isso através de seus olhos. Depois de tratar o amor da minha vida de tal maneira, até eu sentia nojo de mim mesmo. Talvez seja por isso que, eu, um rapaz que já tinha vinte e nove anos estava sozinho. Por jeito idiota, fechado e possessivo, que ficava nervoso por qualquer coisa... eu me odiava demais.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Post #201 (Vento Pt. VI)

Gosto de escrever sobre olhos. Puxa vida, como gosto dos seus.
Costumo confundir admiração com amor. Faço dessas toda hora.
É lindo dormir e pensar que, de manhã, seus chinelos estarão ao lado dos meus.
Olha o tamanho desse oceano! Não chega nem perto do que senti por você.
Formiguinha que me morde, sua picada dói como a minha vida toda.
Bebo sempre umas taças de vinho. Sua imagem, de repente, me vem à cabeça. Choro constantemente.
Tem chuva se misturando às lágrimas. Me abraça uma última vez e tudo ficará bem para nós dois.
Tem imaginação indo embora. Câmbio, desligo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Post #200 (Vento Pt. V)

Viver assim é tão sem graça. Queria tanto um outro cabelo para pentear.
São passeios de bicicleta com fones de ouvidos que deixam a vida cheirando à baunilha.
De vez em quando meus olhos te namoram. Ganho o dia nesses sete segundos.
Certa vez uma árvore me perguntou: "Por que não deitas aos meus pés?".
As nuvens não entendem o motivo das pessoas gostarem tanto de dançar na sua urina.




Tá, para ser o Post #200 eu deveria fazer alguma coisa mais legal que isso, mas sabem como eu sou. Eu não sei se digo como estou, meu twitter tá fazendo isso há todo momento, hahaha!
Enfim, tô a mesma merda, com as mesmas manias de sempre e, pô, quem lê isso sabe o jeito que é. E é isso, sejam felizes até o dia em que eu tornar a postar.

domingo, 12 de setembro de 2010

Post #199 (Vento Pt. IV)

Infinitos de outras linhas imploram para sentir a ponta das canetas de vocês!
Deixe que sua mão tome vida. Deixe-a namorar com o papel. Sinta-se livre, enfim!
Às vezes você faz coisas inimagináveis para falar com a pessoa amada. Dizer oi ou pedir licença, por exemplo.
Tem folha querendo cair daquela árvore. Folha, diz para mim uma coisa (...).
Sim, é muito difícil dizer adeus... mas quem foi que disse que dizer oi é fácil?
Quantas vezes mais eu tenho que olhar o chão para encontrar paz na vida?
Não estamos mais no tempo em que precisa-se de telefone. Ah, como eu sou estranho.
Uma garrafa com leite aberta é tão bonita quanto você levantando pela manhã.
Eu mereço respeito e um pouco de paciência, o ser humano aprende com o tempo (que não chega).
É triste ter que conviver com o medo de dormir.
A coisa mais legal do mundo é poder voar em cima de um tapete. Ou não...
Eu também não entendo... tô falando sério!

Post #198 (Vento Pt. III)

A gente perde tanto tempo reclamando do tédio que não vemos o quão bonito ele pode ser.
O vácuo cultural de uma noite quente pode ser preenchido com um pouco de (...).
Fechando os olhos eu consigo estar ao seu lado. Isso é bem triste para mim.
Eu vejo um caminhão de adolescências indo riacho abaixo, sendo afogadas por suas pobres vidas que não sabem se querem mesmo viver ou existir.
Quanta coisa estranha tem dentro desse rádio. Uma voz tão doce da locutora me encanta todo dia. Queria ser casado com essa voz.
Ninguém precisa de pessoas quando existem lápis, papel e uma xícara de café!
Sabe aquela sensação gostosa que dá quando a pessoa que você gosta está te correspondendo? Então, eu não sei.
Você disse que não gosta de sair, então, mandei pintar um céu no teto de meu quarto.
Tem pássaro cantando na minha janela. Tem chuva chegando no céu. Que dia perfeito!

Post #197 (Vento Pt. II)

Nem olhando para o espelho eu fico de frente para a pessoa em que eu mais possa confiar.
Sente só esse vento que bate nos convidando para uma dança.
Minhas roupas e minha casa, hoje, tão distantes de mim que me sinto só mais uma mosca que voa sem direção.
Não passo de uma página virada nesse seu livro de histórias.
Ser diferente pode ser bonito, mas também pode ser uma desculpa para dizer que está triste.
Às vezes me sinto tão bem que, de repente, danço com você em uma jarra de café com leite.
Dormir com chuva é ruim. O bom é dormir (com você) na chuva.
É fácil gostar mais de um cachorro do que do seu vizinho. A não ser que seu vizinho seja um cachorro.
A raiva me acerta em cheio quando eu percebo que minha mão não quer me obedecer.
Ouvir teu sorriso falando me soa melhor que aquele vento que quer dançar comigo.

Post #196 (Vento Pt. I)

O chocolate feito à mão tem o mesmo gosto do ferro gelado.
A vida sendo feita por olhos fechados é como uma árvore bela em dias de luar.
O sorriso solto ao sol cheira como penas secas de uma pomba branca.
A cor dos olhos daquela moça me faz lembrar o quão legal é levantar todo dia.
Suas unhas pintadas com tanto luxo são como golfinhos dentro de um aquário.
Olho para seu rosto e me lembro da grama amarela nos chamando para deitar.
A desculpa que sai baixinho de sua boca mostra realmente quem é o culpado: Eu.
Seu spot aqui do meu lado já está triste pedindo para que encha-o de calor.
É estranho pensar que as pessoas andam felizes só por causa de alguns dentes, uma língua e um outro coração.
O branco da barba se mistura ao cabelo, tornando-o, por dentro, seu maior mestre.
Olhos marejados na beira do abismo consolam as mãos e o lenço que dão adeus.
Aquele corpo querido que hoje está ausente não te ouve mais. Sinto muito.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Post #194

Oi.

Minha vida continua a mesma e eu só estou escrevendo isso para ter, pelo menos, um post nesse mês. Amanhã é aniversário da minha mãe e isso é bem importante.

Agora sou moderno. Tenho twitter.




Só quem provou o doce.
Que a lua levou ao rosto.
Pensa: "Que bom se fosse
Poder voltar ao posto".

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Post #193

Agosto tá acabando e, ah, eu sou o mesmo.
Tô fazendo esse post só para encher o saco mesmo, pois, deveria estar estudando agora.




"Eu já não sei se sei de nada ou quase nada".

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Post #192

Contente-se aí.
E perguntas não faças.
Enquanto eu aqui.
Vivo sob ameaças.

Crises de humor.
E palavras a repitir.
Tais como o amor.
Sentimento a esculpir.

Faço-me alguém vil.
Cego por um cabresto.
A vida está por um fio.
Nos males do aresto.

Perdido estou em pavor.
Pago o preço de ser mole.
E agora de minha dor.
Ofereço-lhe um gole.

Beba, mortal, beba!
Sinta o gosto de meu fracasso.
Toda a vergonha - receba!
Da vida fria feito aço.

Não se deixe enganar.
Por meu sorriso amarelado.
Pois eu não sei amar.
E, ao mesmo tempo, ser amado.

Post #191 (#152 Pt. XX)

- Bárbara, você pode por favor me explicar o que é isso?
- Glenn...
- Vamos, diga-me! Por que esse Artur está te mandando essas coisas?
Há quanto tempo isso vem acontecendo?
- Glenn, por que está fazendo isso?
- Responda! - raiva e lágrimas no rosto - O que tem isso?
- Glenn, querido, calma! Você está vermelho. Tudo isso é raiva?
- Não, Bárbara. Tudo isso é indignação! Eu só queria saber o porquê desse
bilhetinho que esse sujeitinho te mandou. Você tem mais desses?
- Pare de ser assim! Ele é só meu amigo, você sabe disso, poxa!
Não me venha com essa crise de ciúmes!
- "Querida Bárbara, adorei te encontrar novamente, podemos nos ver outro dia sem seu namorado por perto? Um beijo de seu grande amigo."
- Isso não me engana. Desculpa, Bárbara, mas acho melhor você sair.
- Como assim sair? Mas e a gente? O que vai acontecer depois?
- Por favor, saia.

Aquela foi, sem dúvidas, a noite mais dura da minha vida. É triste ver como a
felicidade pode nos fazer de capachos e passar por cima de nós com incrível
indelicadeza, fazendo-nos escravos do tempo e de tudo o que possa nos
cercar. Rezei tanto para ter um segundo de paz, que nunca imaginaria
que toda essa alegria fosse virar as costas para mim assim, de repente.

Era sexta-feira. Noite. Fazia bastante frio e chovia. Ninguém nas ruas, nada se via. O silêncio predominava. Um gole seco com sabor angustiante descia por nossas gargantas. O penar do arrependimento me consumia, era maior que o amor que sentiamos um pelo outro. De hora pra outra, tudo acabou. Fingiu-se acabar. Sentia o peso de sua lágrima. Carrega consigo uma profunda dor e um coração despedaçado. Chorava. Soluçava. Acaba de ter o mundo jogado ao chão sem ter, ao menos, chances de salvar o que havia restado de si própria. Sabia eu, que a brincadeira já não tinha mais graça. Quando menos percebi, ajoelhei-me junto a ela e tentei lhe confortar dizendo palavras agradáveis. De nada adiantou. Estraguei mais uma vida sem querer. Minhas mãos desajeitadas, nem de lenço serviram dessa vez. Desesperei-me. Disse coisas terríveis carregadas de arrependimento. Ao vê-la chorar por minha causa, pensei em me matar. Meu orgulho não recuperara corações partidos e nem rostos infelizes. Sentei-me à cama com as mãos sobre o rosto. Joguei-me ao chão desolado, arrependido. Fiquei frio, quase enlouqueci. Tanto drama de nada adiantou. Perdi quem eu amava. Antes de sair, arrumou-se com indiferença. Já não havia motivos para se produzir. A única pessoa para quem via sentido em arrumar-se, acabara de rasgar seus vestidos e cubrir-lhe até o pescoço de palavras cheias de hipocondria. Me esqueceu. Me deixou sozinho ao chão. Antes de sair, sua boca, perdida em lágrimas, disse-me o mais triste que poderia ouvir em uma vida inteira. Me fiz de idiota à rei em segundos, voltando ao posto mais baixo da vida. Disse chorando, que ainda me amava. Que apesar de tudo, ainda me amava. Por conta da minha futilidade perdi, pra sempre, o melhor abraço do mundo. Ainda chovia e ela disse adeus sem olhar para trás. Minha vida acabou ali.

Post #190

Oi.

Como vocês puderam perceber - me sinto estranho escrevendo isso, pois parece que não há realmente quem leia - a minha vida não mudou muita coisa de novo. As coisas que eu escrevo sempre acabam nas garras daqueles clichês nojentos e enjoativos, eu não consigo inovar em nada e ainda me apego fácil. Hoje, agora, 21:04h de uma quinta-feira, estou notando como eu sou patético. Parei para analisar toda a minha situação psicológica e tentar entender porque caralhos eu me sinto desse jeito. Ok, quem ler isso aqui não vai saber do que eu estou falando, mas isso é só uma maneira de eu tentar mostrar como eu me sinto. Eu estou triste de novo e eu não sei o motivo. Isso é o que eu diria para você, leitor, mas no fundo, eu sei o motivo de eu estar triste. Eu sempre soube, eu nunca falei. Por quê? Ah, bicho... É tão delicado tocar nesses assuntos que eu me sentiria (mais) idiota falando para as pessoas.

Durmam bem. Cubram-se.

Post #189

Ainda me dá essa coisa louca.
Enquanto a raiva ainda brota.
O amargo que ascende à boca.
É o puro gosto da derrota.

Dentro do olhos há rancôr.
E dentro deles, perco-me em solidão.
Eu já não sei o que é amor.
Em meu gelado coração.

Em olhar para trás já nem penso.
Ao ver que a linda flor, matei.
Eu já não tenho o bom-senso.
De ajudar quem machuquei.

Esqueci-me do que era bom.
Nem me arrepender eu sei.
Da bela canção perdi o tom.
E sozinho, perdido, chorei.

Agora por aí eu ando.
Sem ninguém ao meu lado.
E por aí andei pensando.
Que eu não soube ser amado.

E a dor o meu nome chama.
Eu sigo só o meu caminho.
Deitado fico na cama.
Enquanto morro sozinho.

domingo, 22 de agosto de 2010

Post #188

Pássaro pequeno da janela.
Por que aqui resolveu pousar?
Deixe-me ouvir o seu cantar?
Ó, doce coisinha amarela.

Fique aqui me alegrando.
Enquanto bebo meu café.
Ó, me alegra em bué.
Por aqui fique voando.

Eu não tenho gaiola alguma.
Embora te quisesse para mim.
Mas, relaxe, eu não sou assim.
Imploro para que não suma.

Ó, pássaro de minha janela.
Compartilhe comigo a dor.
Já não aguento esse pavor.
E medo que tenho dela.

Ai, pássaro de minha janela.
Quero que viva comigo.
Prometo que agora consigo.
Falar um tanto com ela.

Prometo, também, vida feliz.
Ela aqui, junto de você e eu.
Da felicidade seu bico bebeu.
E canta, agora, em meu nariz.

Vivamos com essa tal alegria.
E seu cantar como trilha sonora.
Ó, meu pássaro, não voe embora.
Pois seu cantar nos contagia.

Junto a ela comi e dancei.
Não me esqueço de tais cenas.
Você com essas suas penas.
Me deram coragem. Virei rei.

O apoio foi seu, passarinho.
É forte, porém, pequenininho.
Chegou bem de mansinho.
E ganhou minha simpatia.

E agora, de fininho.
Com seu bico bonitinho.
Formoso e amarelinho.
Voou com minha apatia.

Pássaro amarelo, tão arteiro.
Hoje ao lado tenho uma amiga.
Que me ama e me enche a barriga.
Eu te amo, companheiro.

sábado, 21 de agosto de 2010

Post #187

Quem sabe é nessa troca de olhar.
Que o amor de repente está vindo.
Você me dá um motivo para amar.
Quando se escapa um sorriso lindo.

Eu não consigo nem descrever.
O que realmente sinto agora.
Mas todas as vezes, ao te ver.
Os meus temores vão embora.

Eu não queria assim me apegar.
Por que eu faço isso? - Não sei!
Eu juro, não quero me apaixonar.
Já que com você nunca conversei.

Meu coração por você espera.
Pois é tão linda quanto uma flor.
De mim virá a palavra mais sincera.
Que direi o dia que for.
E quanto a isso não trago mentira.
Pois a você só guardei amor.



É nois, J.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Post #186

Com um humor variável.
E de tristeza contagiante.
Sua solidão era inegável.
E seu estado era oscilante.

Sentia falta da alma.
Vivia sempre tristonho.
Em seu momento de calma.
Vivia sempre num sonho.

Realidade era ausente.
O seu sorriso imaginário.
Sua infelicidade era fluente.
E o seu destino era nefário.

Esqueceu-se de tudo isso.
Quando resolveu se apaixonar.
Vivia, agora, um lance maciço.
Que era lindo feito o mar.

Outro alguém deu sua vida.
Para que ele pudesse viver.
Fechou-se, então, a tal ferida.
Que só o ajudou a crescer.

Quando ele estava contente.
Só sabia ficar calado.
Não precisava falar com gente.
Quando amava sendo amado.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Post #185

Ah, sei lá... Depois que a gente dá um tempo na prática, começa a sair coisa muito pior que antes.

Post #184

Os dias no campo têm sido gelados.
As árvores secam com o vento cortante.
O movimento dos rios hoje - parados.
E a doce tristeza se mostra atuante.

Seus dedos não consegue fechar.
A mão cansada é levada ao vento.
O coração abatido, cansado de amar.
Tornou-se servo do silêncio lento.

O cabelo dança como a música manda.
O corpo então obedece sem pensar.
Continua no mato com o sabor do samba.
E o coração abatido, cansado de amar.

Em tal noite dessas, em que viu seu fim.
Agradeceu ao Divino, às estrelas e à luz!
Do chão, então, tirou o seu velho faim.
Caiu ajoelhado aos pés daquela cruz.

Agora vagas sem rumo noutra dimensão.
Levou consigo lágrimas para chorar.
Por ter vivido somente da ilusão.
Com um coração abatido, cansado de amar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Post #182

Ah, pois é. Agosto começou hoje. Isso não é de total relevância, é até bem chato e tal, assim como outras vezes reclamei aqui no blogue dos meses que estão chegando, agosto vai ser mais um mês em que eu não vou poupar lamentos. Talvez eu aprenda bastante coisa. Não se entregar facilmente às coisas já seria de grande adianto para mim. Eu iria adorar isso. :) Minhas ideias ainda não estão de acordo e eu, mais uma vez, fiquei com a cabeça vazia e não consegui mais escrever porra nenhuma. Isso nem importa mesmo, então, tanto faz, não é?

Feliz agosto para quem ler isso.

Post #181

O brilho do sol que me custa aparecer.
Me faz lembrar o quão necessário é um abrigo.
Pensei se sobre você voltaria a escrever.
O bom é que te esqueci, ex-amigo.

Lembro-me de pedir sempre para ir com calma.
Isso era parte de nosso cotidiano antigo.
Viu, só? Enfim encontraste um resto de alma.
Feliz por ti estou, ex-amigo.

Não mais derramo lágrimas por ter ido embora.
Pois nenhuma mágoa levei comigo.
Confesso que um tanto de inveja sinto agora.
Dessa alma que encontrou, ex-amigo.

Meu sentimento, então, se transformou numa jaula.
Assim como naquela música do "O Inimigo".
E ah! Para ser sofredor a gente dava aula.
Uma montanha de saudade senti, ex-amigo.

Feliz porém estou, em não mais me importar.
E a minha imagem eu sei que levou contigo.
Feliz porém estou, em não mais te gostar.
Feliz por ti estou, meu querido ex-amigo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Post #180º

Ângulo raso.













Como eu odeio matemática.

Post #179

Eu ando me sentindo mais apático que o normal. Os meus dias têm sido todos iguais, isso não é nada ruim, a não ser pelo fato de sempre existir a noite do dia. À tarde eu me sinto uma pessoa normal e feliz, cercada de pessoas interessantes. Aí quando eu chego em casa, o que eu tenho? Eu mesmo. Não quero tornar a me humilhar aqui, me colocando sob xingamentos sem cabimento, só acho um saco ter que conviver com meu Brasfoot toda noite. Agora eu tenho ocupação; os estudos. Eu faço alguns exercícios e pronto, minha noite está meio salva, quando volto ao computador para tentar interagir... Boom! Já não consigo mais fazer. O meu desânimo anda tão avassalador que eu já não consigo conversar tanto com as pessoas que, acredito, não sentem a mesma coisa que eu. Puta que pariu, que noite horrível!




Já não sabia o que era rima.
Como então expressaria o amar?
Como poderia se sentir para cima.
Se ele já não sabia rimar?

Já não sabia o que era rima.
Pensou então em se lançar ao mar.
Ali não tinha a matéria prima.
E ao paralelismo resolveu apelar.

No ato, então, saiu uma rima.
O que não fez ele se animar.
Ainda lhe faltava a proteína.
Que vinha junto com o amar.

Já não sabia o que era rima.
Sabia sim se apaixonar.
Por qualquer coisa que o fascina.
Que os seus olhos fazia chorar.

Já não sabia o que era rima.
E cansou de ali ainda estar.
A morrer, a vida lhe ensina.
Parou. Respirou. Resolveu pular.

Já não sabia o que era rima.
Não conseguiu se levantar.
E os olhos daquela doce menina.
Nunca mais vão o machucar.



Brigado, A.

Post #178

Oi.

Eu queria pedir desculpas de novo por andar fora disso aqui como tantas outras vezes já aconteceu. Eu não sinto vontade de escrever nada e ando bem desanimado com tudo - e a novidade? As coisas parecem não terem muito sentido, já que eu não sei o que quero da vida. Logo, eu não faço sentido. Andei estudando esses dias e vi que existem vários erros de português naquele meu #152. Isso me deixou tão triste que eu fiquei muito de cara comigo mesmo. Sei lá, não tô com vontade de corrigir essa porra toda. Foda-se.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Post #177

Eu queria ter de escrever que o vento havia mudado.
De certa forma só a rotina me abandonou.
E quando me dei conta que ainda estava aqui parado.
No fim das contas, em mim, ainda nada mudou.

Não mais vivo a escuridão que eram os meus dias.
Agora são um brilho cintilante feito purpurina.
À todas as coisas que me banharam em águas tão frias.
Digo que de mudança, em mim, só mesmo a rotina.

Por dentro das nuvens eu viajo quatro ou cinco anos.
Cada olhar que eu cruzo me acende uma nova vida.
Em cada olho desses me vem também os planos.
Que tive em minha cabeça numa tal rotina esquecida.

Torno-me surdo partindo dessa noite quente.
As razões ainda não fechei nessa minha mão
Na loteria do destino, apostei o que se sente.
Nas roletas com números, feri meu coração.

Ora, esse papo já me encheu toda a paciência.
Linhas não abrangem toda a minha tristeza.
Cansei de escrever sobre toda essa carência.
E de ler essas linhas grandes, dá-me uma moleza...

Ainda me arranho com coisas tão pequeninas.
Ao ver que o fruto fica no galho mais alto que tem.
Fico dentro do meu casulo protegido pelas cortinas.
E sozinho no meu canto ainda me acho um ninguém.

Post #176

Oi.

Eu queria, primeiramente, pedir desculpas por causa da minha ausência. Eu iria arranjar uma desculpa como, sei lá, dizer que o meu tempo anda corrido demais e por isso não posto mais nisso aqui. Mas seria mentira. Eu tenho tempo livre para postar aqui, o que acontece é que não me vem uma luz divina que me dê coragem para escrever novamente. Nunca mais fiz nada no teclado, nunca mais peguei numa caneta e isso me deixa meio triste. Era a única coisa que eu gostava mesmo de fazer e, de repente - não mais que de repente - eu simplesmente parei. Sei lá. Eu não tenho mais ideias do que fazer, sabe? Eu não me sinto adaptado (?), não vejo motivo e, desse jeito, o #152 vai ficar por aquilo mesmo. Talvez vocês nunca saibam o que aconteceu com a Bárbara, Glenn, Doyle e quem mais iria aparecer na história. Ai, ai... Eu sou tão incopetente.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Post #175

Noel Rosa - Vejo Amanhecer

"Amanhece e anoitece
Sem parar o meu tormento
Por saber que quem me esquece
Não me sai do pensamento
Já não durmo, já não sonho
De pensar fugiu-me a paz
No passado tão risonho
Que não volta nunca mais"



Post #174

Oi. Eu senti vontade de escrever agora. Há uma semana eu tenho me sentido estranho, como se houvesse alguma coisa me perturbando, alguém me fazendo mal, sei lá... Eu tenho ficado triste sem motivo, de novo. Tudo isso tinha dado uma certa pausa e eu estava adorando. Mas, de repente - não mais que de repente - tudo começou a me machucar de novo. Eu fico me perguntando que "tudo" é esse que não me faz bem, já que eu não sei o motivo de eu me sentir assim. Isso só alimenta a visão de que, o meu maior problema, sou eu mesmo.
Eu sempre tive uma visão meio única de ver as coisas no mundo, sabe? Sempre que me imaginava numa situação legal, dando tudo certo, sendo tudo perfeito, eu simplesmente não iria conseguir fazer isso ser, de fato, legal. Eu evitava ver tudo pelo lado bom, justamente com o medo de que isso voltasse a acontecer. Dá na mesma eu ver as coisas pelo lado ruim ou lado bom. Vai dar tudo errado pra mim mesmo. Eu, vendo qualquer coisa pelo lado positivo, fazia dar errado. Isso deve ser algum fruto da minha árvore bipolar ou alguma arma que o TOC usa contra mim. Eu não sei porque perco tempo escrevendo sobre isso. Hoje, agora, eu acho que só sei conversar comigo mesmo, escrevendo aqui.
Hoje uma menina que eu não conheço me ofereceu um abraço. Eu não sei se ter recusado foi o certo... Fui pensar nisso depois, só. Eu estava tão arrasado que não enxergava nada mais. Tava pouco me fodendo mesmo. Quanta ironia, né? Ontem mesmo, no #173, escrevi que preciso de abraços e um dia depois recuso um. Talvez por eu não conhecê-la, ou... ah, foda-se.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Post #173

E depois de tanto tempo.
Vim dizer que não melhorei.
Isso eu vou contar rimando.
Para vocês tá tudo okay?

O que antes me machucava.
Hoje não importa mais.
Isso é parte do lado bom.
Ver a vida ao tanto faz.

Ainda tenho os meus dias.
Que a tristeza está em alta.
Esses dias predominam.
E um abraço me faz falta.

Ainda não tenho meu bem querer.
Pois continuo sendo eu.
Há dias que não fala comigo.
Para o meu bem, me esqueceu.

Não quero mais escrever.
Pois eu me acho limitado.
O Artur quer ser o Glenn.
E de Bárbara ser namorado.

Caso gostem do que escrevo.
Não precisa comigo brigar.
Pois o "Post #152".
Eu ainda vou continuar.

Post #172 (#152 Pt. XIX)

A semana estava começando novamente e eu estava para pegar férias do trabalho. Isso iria acontecer na próxima quarta feira. Fazia pouca coisa junto de pessoas que eu não queria por perto, vivia de pés atrás com elogios vindos daqueles rostos aparentemente tão falsos. Eu não aguentava mais aquele lugar e queria sair de lá a todo momento. Mas, se eu não ficasse lá, o que eu iria fazer? Eu não sei fazer mais nada na vida além de escrever e desenhar. Pareço criança de oito anos, a única diferença é que eu não sei o que quero. Eu cursei Letras na faculdade e acabei desenhando num jornal. Desenhando! Eu não queria ser professor, porque não tinha jeito. Não queria ser jornalista por puro capricho. Pelo menos os meus desenhos refletiam positivamente e eu ganhava meu troco, mas não era exatamente o que eu queria - nem eu sabia o que queria. Chegando em casa naquela tarde exausto e cheio de tanta gente fingida, deitei-me e dormi até Bárbara chegar. Eu já tinha esquecido de Artur, não queria mais lembrar do seu rosto. Estava tudo bem, mas Bárbara chegou em casa meio assustada, parecia mesmo estar com muito medo de alguma coisa:

- Aconteceu algo, querida?
- Não. Por quê?
- Você me parece estranha. Está branca feito um fantasma. Pode me contar, tem alguma coisa acontecendo?
- Juro que não - insegura - está tudo certo comigo. Juro mesmo!

Qualquer idiota que olhasse para o rosto dela naquele momento, conseguiria perceber que algo tinha acontecido. Seus olhos conversavam comigo e me diziam que alguma coisa ela estava guardando para si. Eu só não entendia a causa, mas eu sentia que aquele cara estava metido no meio dessa história. Eu não deveria me preocupar tanto com aquilo, já que eu confiava muito nela. Sabia que não iria acontecer nada de ruim... Mas eu estava errado.

continua...


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Post #171 (#152 Pt. XVIII)

Bárbara não sabia cozinhar. Ela, assim como eu, era um desastre na cozinha. A gente comia fora quase todo dia, porque nem ela aguentava comer sua comida. Eu, sendo pior que ela, nem me atrevia a chegar perto do fogão. Quando comíamos em casa, eram sempre porcarias, como pizza. Quem tinha sempre a ideia de comprar essas coisas era ela. Detesto comida chinesa. Eu era obrigado a fritar um ovo quando ela pedia esse tipo de coisa. Gorda!
Numa noite dessas, estava trovejando muito e o vento fazia muitas folhas colarem em minha janela. Era sexta feira. A chuva era tão intensa que Doyle se encondia em baixo das pernas de Bá - me sentia tão dezessete chamando ela assim. Ela teve uma ideia tão brilhante que senti vontade de beijá-la. Vendo eu e ela, juntos, assistindo filme e comendo porcaria todo fim de semana, olhava para o Doyle e ficava se perguntando o que ele pensava. Olhava para aquela coisa de pelos, gorda e preta com manchas amarelas e perguntou:

- Por que o Doyle não tem uma gatinha?
- Nunca tentei apresentá-lo para uma. Não sei, eu me sentia tão sozinho que ia morrer de ciúmes vendo ele com um amorzinho assim.
- Você poderia muito bem tentar fazer isso. Agora que você me tem ao lado, quem morre de ciúmes é ele. O que acha?
- Eu não sei. Ele parece feliz, brinca com a lã, arranha minha perna, ronrona e come bem. Acho que não é a hora dele arranjar uma mocinha com pelos.
- Você é muito idiota, viu?!

Depois dessa maneira maravilhosa de referir-se à mim, olhamos os dois para o Doyle lambendo o braço dela enquanto trovejava forte lá fora. Lembram dos filmes ruins? Ainda estavam em casa. Passamos mais aquela noite fazendo a mesma coisa, até que dormimos ali mesmo, novamente. Sábado a gente não ia ter o que fazer. Era folga de Bárbara e não planejamos nada, resolvemos andar pelo centro, já que ela estava precisando de sapatos novos. Aproveitei o embalo e resolvi fazer o mesmo. Eu teria comprado o sapato, se não tivesse antes comprado um disco do Velvet Underground, importado e de prensagem original. O preço de um sapato. Posso andar descalço agora.
Enquanto íamos até a loja que ela queria, encontramos o tal amigo dela na rua. Era um rapaz bem arrumado, bonito, tinha barba e cara de que fazia qualquer moça cair aos seus pés. Cumprimentei-o sem muita emoção enquanto éramos apresentados por ela:

- Artur, esse é o Glenn. Glenn, Artur...
- Como vai?
- Muito bem e você, Glenn?
- Vou bem... Vou bem.
- Ótimo. Como foi que você conheceu a Babi?
- Babi...? - já com sangue nos olhos.
- É, bem... - meio confusa, parecia transtornada - a gente precisa ir agora. Até mais, Artur!
- Tudo bem - rindo ironicamente - até mais, Babi. Tchau aí, cara!

Alguma coisa me invadiu na hora. Eu não gostei do olhar que siau dos seus olhos em direção aos olhos dela quando falou "Babi". Senti bastante ciúme na hora, senti vontade de quebrar os dentes brancos que aquele cara tem. Olhos azuis, pff... O que as pessoas tanto gostam nisso? Esquecemos dele, esfriei a cabeça e fomos atrás de seus sapatos. Eu adorava o fato dela não fazer cerimônia para comprar. Pegava o que lhe agradava e não ligava para marcas. Com o dinheiro que lhe sobrou, acabamos comprando chocolates e pegando mais um filme. Eu precisava de um video game...

continua...

sábado, 10 de julho de 2010

Post #170 (#152 Pt.XVII)

O domingo foi bastante preguiçoso. Deu na TV que a chuva não iria parar por algum tempo, começando por domingo. Ficamos o dia em baixo das cobertas ouvindo uns discos dela. A gente dividia os domingos em quatro partes: cada domingo do mês, faziamos alguma coisa diferente. Em um ouviamos meus discos, em outro os discos dela, em outro a gente descia para a rua e em outro a gente dançava em casa até nossos pés começarem a inchar. Como eu adorava o que ela escutava, nunca reclamava de ficar com ela o dia todos ouvindo aquele monte de coisas. Aquele domingo foi longo. Mais longo que o de costume, eu estava até cansado daquele domingo. Domingos sempre foram a minha fraqueza maior, como já contei para vocês.
Na segunda, como não precisava trabalhar, acordei um pouco mais tarde. Eram 9:00h quando notei que Bárbara não havia ido trabalhar:

- Isso são horas?
- Está chovendo muito. Liguei para S. Fachada e disse que estava doente. Ele acreditou.

Eu não tinha acordado muito legal naquele dia. Eu estava triste, bastante desanimado. Toda vez que eu focava meu pensamento em fatos não muito alegres do passado, isso me acontecia. Eu havia sonhado com um amigo que eu tive. Conheci ele adolescente já, mais ou menos com quinze anos. Em pouco, nos tornamos bem amigos, apesar de não nos vermos muitas vezes. A gente sofria da mesma coisa e só nós sabiamos disso. A gente gostava de não contar isso para os outros. Eu sabia o que me deixava triste e só eu sabia o que deixava ele triste. A gente se entendia bastante porque o motivo era o mesmo. Só que, ah... Meu destino sempre gostou de brincar comigo. Eu era o bichinho de estimação e meu destino era a Felícia. Num dia, conhecemos uma terceira pessoa, por quem ele acabou se apaixonando. Ele meio que esqueceu de mim e passava mais tempo com ela. Quando tornava a falar comigo, era para falar dela. Um dia, ironicamente e, juro, até hoje não sei o motivo, eles acabaram por desmanchar tudo. Acho que não quero mais escrever sobre isso, dói demais esse meu peito quando lembro de tal fato. Escrever sobre ainda me dá tapa na cara. O que importa é que eu perdi ele e nunca mais consegui recuperar. Ainda hoje, poucas vezes, vejo-o na rua... Ele nem deve mais lembrar-se de mim.

continua...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Post #169 (#152 Pt. XVI)

Sexta feira, um dia antes do meu aniversário, Bárbara conversava com S. Fachada para ver o que iria ser feito para mim. S. Fachada ficou triste em ver que teria compromisso no dia, não pôde fazer nada e ficou triste ao saber que eu novamente iria ficar sem uma comemoração. Bárbara ficou desolada, ela queria só me agradar e me dar o que eu nunca tive na vida. Aquela sexta feira foi marcada por uma noticia muito boa: Eu não precisava ir ao trabalho segunda feira. Isso só deixou minha sexta feira, meu último dia de vinte e oito anos, melhor. Como era o dia em que Bárbara saía mais cedo do trabalho, fui buscá-la no sebo para que pudéssemos passear um pouco. Comemos fora e depois alugamos filmes ruins para ficar assistindo a noite toda. Pareciamos duas crianças tirando o audio e redublando aqueles filmes. Dávamos gargalhadas estridentes e Doyle reclamava sempre de nós. Cortamos a madrugada fazendo isso, até que dormimos sem perceber.
Chegou o sábado. Dia 13/07; meu aniversário. O dia amanheceu normal, como qualquer outro e Bárbara não me deu parabéns. Não reclamei. Fiquei imaginando se ela tinha esquecido disso. Seu expediente começava ao meio dia, então ela fez seu café e estava na sua vez de usar a vitrola. Não a perturbei e resolvi ir ao quarto para escrever alguma coisa. Quando abri a porta do quarto, ouvi a voz de Bárbara cochichando algo. Fui de fininho ver o que estava acontecendo na sala, eis que me deparo com ela conversando com o Doyle, fazendo gestos, como se estivesse impondo condições ou dando ordem ao gato. Aquilo me assustou, mas me alegrou ao mesmo tempo. Morri de rir vendo ela fazer aquilo, mais ainda de ver ela tentando se explicar. Peguei meu café e ela desceu para ir ao trabalho. Não aguentava mais escrever, fiquei na sala junto de Doyle para ouvir, pela primeira vez, meu disco do Cartola. Juro para vocês, caros leitores, que quase chorei ao ouvir "Acontece" com aquela voz maravilhosa que só o mestre Cartola tinha. Doyle, quando gostava do que ouvia, dormia em meus braços, coisa que se repitiu mais uma vez. Eu tinha um gato sambista.
A tarde estava se acabando e não recebi nenhum telefonema me parabenizando. Minha desilusão cresceu consideravelmente. Bárbara chegou feliz, me deu um beijo, mas não comentou nada sobre o dia. Pegou o Doyle no colo e praticamente me expulsou de casa:

- Sai! Eu e o Doyle temos muito para fazer.
- O que é?
- Sai logo, poxa!

Peguei um livro de Bukowski e saí, já que estava sendo expulso de minha propria casa pelos amores de minha vida. Eu desci e comecei a me perguntar o que ela estava aprontando. Disse para eu voltar em cerca de meia hora. Minha curiosidade era notavel! Eu estava ansioso, eu odiava surpresas ou que escondessem as coisas de mim. O que será que ela teria para fazer no meu apartamento que eu não pudesse saber? Quando deu o horario, voltei para casa. Abri a porta lentamente, e as luzes estavam apagadas. Acendi e não pude acreditar no que via. Bárbara com Doyle nos braços, atrás de uma mesinha com um bolinho em cima e na parede havia um papel crepom escrito "Parabéns, querido!" de uma forma muito feia, improvisada, como se tivesse sido feito na hora - e tinha mesmo.

- Surpresa, amor! - sorrindo, de maneira encantadora.
- Ah, eu não posso acreditar nisso! Você fez isso tudo sozinha?
- Negativo. Sem o Doyle nada disso teria sido feito. Ele ajudou a escolher a cor do papel e o sabor do bolo. Espero que tenha gostado, a gente deu um duro danado para fazer tudo isso para ti!
- Você é inacreditavel! - lacremejando - Eu não acredito que tenha feito isso por mim.
- Na verdade, na verdade, eu iria fazer algo maior com a ajuda de Fachada, mas ele teve um imprevisto, então eu tive que fazer tudo isso sozinha.
- Miau! - sim, ele miou na hora. Ele era mais esperto que eu.
- Digo, com a ajuda dessa bola de pelos!

Eu não me importava com os outros anos que eu teria pela frente. Nenhuma festa de aniversário que eu futuramente pudesse ganhar, teria um valor sentimental tão grande quanto essa. Nunca imaginei que alguém iria realmente fazer isso por mim. Minha admiração por essa moça de cabelos lindos e sardas que pintavam seu rosto só sabia crescer. Eu amava Bárbara cada dia mais e ela sabia disso. Já não conseguia viver sem ela ao meu lado. O bolo não foi ela quem fez, comemos boa parte dele e depois fomos ver mais alguns filmes ruins. Eu amava beijar aquela testa toda noite antes de pegar no sono...

continua...

Post #168 (#152 Pt. XV)

Passei a tarde conversando com o Doyle, pensando se aquele rapaz tinha voltado ao sebo para "comprar" mais alguma coisa. Desenhei qualquer coisa para o trabalho e resolvi relaxar. Deixei meus chinelos no chão e apoiei meus pés sobre o sofá, enquanto comia Doritos com Doyle aos braços. Eu olhava para o teto e só sabia pensar naquele maldito cara. Eu não me via tão preocupado assim desde... desde... nem lembro desde quando. Doyle me entendia, ele olhava para minha cara e sabia bem o que eu queria dizer com isso. No fim daquela tarde, resolvi espairecer. Saí de casa e resolvi dar uma volta. Peguei um livro qualquer, escolhido aleatoriamente e desci à rua. Fiquei feliz em ver que iria passar algum tempo com Dostoiévski.
Quando cheguei em casa, pouco tempo depois, Bárbara ainda não havia chego em casa. Estava tudo intacto e eu já comecei a ficar mais pensativo. Tirei o volume da barba e esperei à mesa ela chegar para conversarmos. Quando chegou, chegou com o mesmo olhar do dia anterior, fui logo perguntando:

- Encontrou aquele cara novamente?
- Sim. Ele voltou ao sebo mas, dessa vez, não queria comprar nada.
- O que ele queria?
- Ah, como éramos muito amigos, queria só saber como eu estava, aonde estava morando, o que estava fazendo da vida, se estava namorando...
- E você...?
- Respondi. Disse que minha vida estava melhor do que nunca e que havia encontrado finalmente a parte que me faltava. Perguntou seu nome, o que gostava de fazer e eu respondi.
- Disse o quê?
- Ah, o que eu diria para qualquer um que me perguntasse de você. Disse que você adorava escrever e desenhava para um jornal da cidade, até que ele disse "Ora, então ele é o Glenn daqueles quadrinhos? Diga que adoro seus diálogos!". Só.
- Fico grato em saber que alguém realmente vê aquilo tudo - sorrindo.
- Você... Não está com ciumes, né, meu bem?
- Confesso para você que... Ah, esquece. Não há de ser nada.

Enquanto dizia isso, foi me contando do seu dia. Disse que estava bastante contente de ter encontrado seu velho amigo de adolescência. Depois, me mostrou uns passos de dança que gostaria que eu decorasse. Disse que estava cansada de dançar valsa para o Doyle, resolveu aprender tango. Ai, que guria maravilhosa! Me ensinava tanta coisa e eu gostava dela cada dia mais.

Post #167 (#152 Pt. XIV)

Chegamos em casa exaustos, prontos para outro domingo de sol. Eu sabia que meu aniversario estava chegando mas não imaginava que iriam preparar uma festa para mim. Eu não sabia como reagir a uma festa em que eu fosse a peça chave. A última vez que me fizeram uma festa assim, eu tinha mais ou menos cinco anos. Meus pais já deveriam estar cansados de ficar se preocupando com velas que fossem apagadas ou com convidados que fossem alimentados.
No meio daquela semana, deveria ser terça feira, Bárbara chegou meio tensa do trabalho. Ela estava mais quieta que o normal e a beleza dos seus olhos havia desaparecido. Ela parecia insegura e fez muito caso para contar o que havia acontecido. Quando resolveu me contar, disse-me que o menino que amava ela no colegial - que não era mais menino - havia aparecido aquela tarde no sebo. Me contou que ele a reconheceu sem dúvidas e que ficou muito sem graça de ter encontrado-a. Na hora eu senti uma coisa ruim dentro de mim, não sei dizer bem o que era, mas é como se tivesse explodido um caminhão inteiro de explosivos em minha cabeça. Eu não sabia o que aquilo queria dizer, mas não foi nada agradavel ter sentido aquilo. Tentei acalmá-la dizendo qualquer coisa que ela gostasse de ouvir, fiz um chá para ela e botei seu disco favorito do Seaweed na vitrola, deitei sua cabeça no meu colo e fiquei brincando com seu cabelo até ela pegar no sono.
Quando o dia amanheceu, ela parecia ter esquecido o que havia acontecido na tarde anterior. Me cumprimentou pulando em meus braços e me dando um grande beijo no rosto, molhando toda minha camisa limpa de café. Depois de morrer de rir ao me ver todo sujo, arrumou-se para sair e foi de caminhada para o trabalho. Antes de sair, ainda me chamou de "panaca". Eu fiquei em casa até a hora do almoço tentando pensar em alguma coisa legal para o trabalho. Eu só conseguia pensar aonde aquele rapaz estava, o que estava fazendo na cidade e por que diabos teve que achar Bárbara novamente. Posso estar sendo meio inseguro e idiota, mas aquele olhar que estava estampado no rosto da Bárbara depois de me contar desse tal rapaz não me parecia algo bom. Eu não queria pensar em algo negativo, mas eu não conseguia fugir dessa minha mania...

continua...

sábado, 3 de julho de 2010

Post #166 (#152 Pt. XIII)

Uma noite antes da tal festa da filha de S. Fachada, a gente havia conversado sobre algumas coisas que envolviam nosso futuro. Não pensamos em nada além de morarmos juntos para ver o que sairia dali. Me senti bem aliviado ao ver que ela não queria separar-se de mim - tão cedo, pelo menos. Naquela noite assistimos The Notebook, o chato é que nós dois já haviamos decorado cada fala dos personagens. Isso a gente tinha em comum, nosso filme favorito era o mesmo. Acabamos dormindo na sala mesmo, abraçados, eu ainda não tinha me acostumado com alguém gostando de mim com aquela intensidade. Era tudo o que eu sempre quis. Quando acordei, percebi que ao invés de Bárbara, tinha Doyle nos meus braços, fiquei me perguntando o motivo dela ter feito aquilo. Quando me dei conta, ela estava passando nosso café olhando para mim deitado:

- Você com o Doyle nos braços ficou parecendo um bebê com ursinho.
- Como você é sem graça. Por que fez isso?
- Porque você é lindo!

Falo sério. Meu dia não poderia ter começado melhor que isso. Como a festa era só à noite, eu não tinha o que fazer no trabalho e ela estava de folga, resolvemos andar um pouco no centro. Fomos até a praça central e ficamos lá vendo as pessoas passearem com suas caras de que têm muitos problemas e que ninguém se importa com eles. Foi uma bela manhã de inverno, não havia uma única nuvem no céu para estragar aquele azul. Acabamos comprando uns sorvetes e alguns discos que ela queria. Ela gostava mais de CD's do que de vinis. Como ela trabalhava em sebo, ela tinha algumas artimanhas de como pegar os discos que ela gostava. Maldita! Não quis pegar os discos que eu pedi.
Passamos a tarde em casa nos entupindo de televisão até a hora de irmos até a tal festa. Acho que nunca me arrumei tão bem quanto aquele sábado. Eu iria ser apresentado como namorado de Bárbara, apesar de já conhecer S. Fachada do sebo. Fomos de ônibus, como a gente não tinha carro. O caminho é longo e o lugar era longe demais. Chegamos atrasados, porém, a tempo de vermos a filha de Fachada entrar com aquele vestido de um bilhão. Eu nunca havia sido convidado para esse tipo de festividade. A festa foi bem chata - novidade? - eu fiquei o tempo todo sentado, já que não gosto de mostrar meus dotes de dançarino ao público. Só via Bárbara conversando com S. Fachada toda hora:

- Semana que vem, é aniversario do Glenn! Ele não sabe disso, mas eu quero fazer uma festinha para ele. Os pais dele nunca o fizeram por alguma motivo meio idiota, quero vê-lo feliz em comemorar seu 29º inverno.
- E tu queres que eu faça o que, menina?
- Você poderia convencer o pessoal do sebo para irem lá na nossa casa. Eu tentaria dar um jeito de falar com os amigos do trabalho dele. Nada muito grande quanto a festa de sua filha.
- Ah, esta festa de Maria está uma maravilha que só! Isso aí de seu parceiro é surpresa?
- Sim! Ele não pode saber disso. Ele está olhando para nós, mas nem deve desconfiar do que estamos conversando.

Ela veio caminhando até a minha mesa:

- Quer ir embora, querido?
- Você quer?
- Por mim tanto faz. Festas enjoam fácil.
- Talvez seja por isso que nunca comemoraram o meu aniversario.

Saímos de lá um pouco cansados. Ela se despediu de S. Fachada e de sua filha, saímos do salão e fomos pegar o ônibus de volta. Já era o último, por alguns minutos não teriamos que pedir carona, coisa que eu sempre odiei fazer na vida. Ao entrar no ônibus, me bateu um enorme remorso de ter bebido tanto refrigerante. Quase mijei dentro do ônibus mesmo. Aquela noite foi bem diferente para mim e eu devo tudo isso à Bárbara.

continua...

Post #165 (#152 Pt. XII)

O nosso primeiro dia morando juntos foi maravilhoso. Eu estava com um medo enorme que nossas vidas se transformassem em cruzes para carregarmos sem querer, como se vê por aí com tanto casal. Eu me via disposto a levar isso à diante pra sempre, só tinha medo de que para ela, alguma coisa mudasse. Apesar dela me dizer coisas legais a todo momento e me fazer cafuné quando eu pedia, eu sentia insegurança ao tocar no assunto "nosso futuro". Talvez fosse mais uma atitude previsivel do meu pessimismo, coisa que eu já deveria ter esquecido há tempos.
A minha vida, coincidentemente depois da vinda de Bárbara para minha casa, só melhorou. Eu até recebi um aumento no meu trabalho e uma proposta de desenhar para uma revista bastante conhecida no país. Acabei recusando, porque eu era meio com o pé atrás com essas coisas de televisão em papel. Prefiro não saber nada do que ver as coisas com a visão deturpada que as revistas me passavam. O fato de eu ter recusado e continuar ganhando meu sustento mínimo, não tiraram o fato de minha vida estar indo muito bem. Aprendi até a conversar com as pessoas do meu trabalho e aos poucos fui fazendo amigos. Estranho, depois de três anos convivendo com elas eu começo a trocar um cumprimento diario. Eu sempre as via como pessoas estranhas, julgava-os pelas suas caras que chegavam todo dia. Ouvi-os cochichando, achando estranho essa minha mudança brusca de humor.
No trabalho de Bárbara também. A sua simpatia contagiante trazia admiradores de livros. Como era a melhor funcionaria, era como se fosse a preferida do chefe, conhecido como "Seu Fachada". Seu Fachada, quando saía, deixava o comando em mãos de Bárbara, ela era a única em que ele depositava sua total confiança. E pensar que trabalhar em um sebo nunca havia passado pela cabeça dela. Diferente de mim, Bárbara já tinha amigos no trabalho. Todos a cumprimentavam e a adoravam. É impressionante como ela poderia ter se apaixonado por mim, alguém tão diferente dela.
Certo dia no trabalho, Seu Fachada convidou Bárbara para a festa de sua criança de quinze anos. Era uma menina que acabara de conhecer o amor e estava apaixonado por um menino de sua classe. Bárbara sempre gostou de festas de aniversario, principalmente as de quinze anos que eram coisas grandes e sempre chovia de gente falsa. Aceitou o convite sem pensar duas vezes. Ao chegar em casa, esperou a minha chegada para que pudesse me contar que iriamos a uma festa. Cheguei tarde naquele dia, veio logo me perguntando:

- Por onde você esteve?
- Fui ao sebo onde trabalha agora...
- Mas você sabe que eu saio antes das sete horas.
- Não fui por você, fui, finalmente, comprar aquele disco do Cartola!
- Então tudo bem. Tenho uma coisa para te contar.
- Conte-me!
- S. Fachada nos convidou para uma festa de aniversario de sua filha e eu disse que a gente iria.. Tudo bem para você, querido?
- Oh, claro... Por que não? Quando vai ser?
- Dia seis de julho. Exatamente uma semana antes do seu aniversario.
- Juro que até tinha esquecido do meu aniversario.
- Está cansado do trabalho? Sente-me que vou lhe preparar uma sopa que minha mãe me ensinou a fazer.
- É por isso que eu gosto de você. Você lê a minha mente sempre.
- Pare de me mimar, seu besta!

Com a minha vida indo bem do jeito que estava, não vi motivos para recusar aquele convite.
Fiquei esperando o dia da festa mais feliz ainda, afinal, finalmente havia conseguido comprar o disco do Cartola. Quando o assunto era música, me sentia avô de Bárbara. Gostava de sambas dos anos 30, enquanto ela gostava de umas bandas dos anos 90. Ela não se importava quando eu ouvia Cyro Monteiro, assim como eu não me importava com ela ouvindo Soulside na mesma vitrola. Eu gostava das coisas que ela ouvia... Aliás, eu gostava de tudo nela.

continua...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Post #164 (#152 Pt. XI)

A gente já não tinha mais o que pensar de ruim. Éramos pessoas bem pessimistas, na realidade. Conseguimos imaginar escuridão em um campo de flores. Nos sentimos culpados, abraçados, pensando o pior que poderia vir com Clara. Ainda hoje, imagino que nosso pensamento negativo, foi quem levou Clara embora de nossas vidas. Clara morreu naquela noite mesmo, sem a família por perto, sem os outros amigos - tinha muitos, era bem sucedida socialmente - apenas nós lamentando sua triste perda. Bárbara perdia, naquele instante, uma parte dela mesma. Ela parecia não acreditar. Ela não queria acreditar, vendo que Clara não estaria mais junta, começou a pensar em coisas mais sérias. Com quem ela iria morar agora? Com quem iria dividir o aluguel do apartamento? Com quem iria dividir os segredos e contar as novidades? Sentiu falta da sua boneca.
Ao ver Bárbara sofrendo calada daquele jeito, confusa demais com tudo o que estava ao seu redor, resolvi tentar lhe ajudar. Não havia mais motivos para não tentar ficarmos mais próximos. Ofereci-lhe, assim, um cantinho de teto no meu apartamento. Disse que não precisava de aluguel e que o seu café eu mesmo passava. Ela pensou um pouco, mas no final acabou aceitando. Ela estava segura comigo e ela sabia disso.

- Mas, querido, será que o Doyle não vai estranhar a minha presença?
- Se ele não quiser você lá dentro, te boto para fora de casa! - em tom irônico
- Então ok...
- Não seja besta, é claro que estou brincando. Mas, se ele não gostar de ti, terão de aprender a viver sob o mesmo teto. E que sua raiva de gatos não se torne uma pedra nesse caminho, entendido?
- Entendido!

Naquela noite mesmo, fomos ao seu apartamento pegar umas roupas dela para que pudesse passar a noite comigo - dormindo separados. Ficamos combinados dela não ir ao trabalho, para tentar se recuperar dessa perda que sofreu. Ela ficava em casa enquanto eu, antes de ir ao meu trabalho, iria ao sebo conversar com seu superior. Acabou dando tudo certo. Fui ao sebo, fui ao trabalho normalmente. O melhor do meu dia foi chegar e ver um sorriso naquela boca. Eu estava cada dia me sentindo melhor e Bárbara sabia que era ela a culpada disso tudo. Na manhã seguinte, passou em seu trabalho pedir permissão ao chefe para resolver os problemas de sua antiga casa. Fiquei feliz demais ao saber que, estávamos, enfim, morando juntos.

- Agora você se fodeu!
- Por quê? Consegui tudo o que queria. Tenho meu gato e minha namorada junto de mim. Me sinto um adolescente descobrindo a vida. De vinte e oito anos, mas ainda assim adolescente.
- Não interessa. Você vai ser minha cobaia para tudo. Já que Clarinha agora é ausente, quem vai provar meus bolos e outras coisas que faço na cozinha será você!
- Tudo bem, até hoje eu só sei comer comida congelada. Ter uma chefe de cozinha particular vai ser ótimo!
- Vou ter que te fazer cócegas e te passar maquiagem também. Você vai ser minha melhor amiga, só que com barba...
- Eu posso ser sua melhor amiga, mas sem a maquiagem, né?
- Eu estava só brincando com você, bobo! - disse-me isso usando o mesmo sorriso que me conqusitou.
- Precisamos melhorar esses nossos pensamentos ruins. Ao seu lado, agora, quero descobrir como é pensar coisas legais. Parar de procurar maldade em todas as coisas que me cercam!
- Com o tempo a gente aprende. Você me ensina.

Dei um beijo em sua testa e fui ao sofá para dormir, enquanto ela foi para o banheiro tomar um banho. Eu deveria ter pensado melhor antes de me apaixonar por Bárbara, ela era uma péssima cantora.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Post #163 (#152 Pt. X)

Resolvemos esquecer todas as coisas tristes que vivemos até aquele momento em que nossas mãos estavam juntas. Esquecer de todas as coisas sombrias que teimavam em nos perturbar e começar uma nova vida, dividindo as coisas boas e coisas ruins um com o outro.
Eu não tinha um amigo próximo, como ela tinha a Clara, então toda minha atenção era voltada para ela e para Doyle. Eram as duas coisas mais importantes para mim naquele tempo. A Clara era uma pessoa complicada de lidar. Ela não se decidia com os rapazes, vivia intensamente e não se importava realmente com as coisas, com exceção do trabalho. Era alegre e vivia sempre sorrindo, talvez por nunca ter se apaixonado de verdade, ou não se importar com isso. Diferente de mim que era dramático para essas coisas.
Em uma noite de quinta feira, estava eu solitário em minha sala ouvindo Silvio Caldas, até que Bárbara me ligou desesperada implorando para que eu fosse até sua casa. Chegando lá, vi que Clara havia piorado e estava estirada ao chão. Soube-se ali que sua doença não era uma gripezinha qualquer:

- Glenn! Cheguei em casa hoje e Clara estava assim!
- Mas por que vocês não resolveram ver isso com um médico?
- Ela é teimosa! Ela acha que remédios e cama curam qualquer coisa!
- Gente, vocês não precisam se preocupar tanto. Eu vivi rápido demais, só estou colhendo o que plantei. - disse em tom tranquilo, como se estivesse drogada.

Ligamos para a emergência e chamamos uma ambulância. Bárbara chorava e isso me machucava demais. A sensação dela perder a Clara, seria a mesma de eu perder o Doyle. Me coloquei em seu lugar e imaginei... Acho que morreria junto.

- Promete que vai ficar comigo! Promete, promete! - pedia chorando incontrolada.
- Eu prometo. Independente do que aconteça com Clara, eu prometo sempre ficar junto de ti, Bárbara! - nesse ponto já tinha me entregado às lágrimas que arrombaram as portas dos meus olhos.

Dormimos aquela noite no hospital esperando por Clara.

Post #162

Eu vou continuar o #152, tá?

Post #161

Orlando Silva - Tristeza

A tristeza é a minha unica companheira
É a unica mulher que me quer bem
Pobre de quem passa a vida inteira
sem ter a amizade de alguém

Eu sou qual caboréque vive só na solidão
com seu cantar tão triste que se perde
na amplidão
Chora violão comigo, por favor
e diz a todo mundo a minha dor

Eu nunca tive um só momento de felicidade
Não tenho um peito amigo, um afeto,
uma amizade

A minha mocidade teve a vida de uma flor
E é triste uma existência sem amor

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Post #160 (#152 Pt. IX)

Bárbara insistia em querer saber do meu passado. Mesmo sabendo que eu não gostava de tocar nesse assunto, ela fazia manha e me falava com uma voz tão doce que uma hora eu tive de ceder. Ela me perguntou sobre meus pais, disse-a que morreram quando eu tinha vinte e cinco e que antes disso minha vida era mais legal. Contei que antes deles partirem, eu me apoiava neles como base para tentar ascender nessa minha vida. Depois, pensei em morrer. Minha autoestima nunca foi minha virtude. Eu sempre fui pessimista e fazia drama para tudo. Me perguntava como eu era com as "menininhas" e ela não acreditava no que eu dizia. Contei que até os dezessete anos, havia beijado duas garotas. Contei que eu morria de amores em segredo, coisa que fiz até dizer-lhe o que sentia. Ela me disse que eu deveria ter parado de ser assim já na adolescência. Disse-me isso como se me observasse desde então. Ela me entendia tão bem, que às vezes achava que ela era eu. Em pouquíssimo tempo, ela conseguiu bagunçar todo esse meu coração cansado de mágoas na adolescência. Eu de fato odiava falar na minha juventude.
Eu perguntava como ela era quando mais jovem. Me falou que sempre foi a menina mais esperta da classe, que sempre tinha as melhores notas e sempre servia de exemplo para todas as coisas boas. Ela ria quando eu dizia que duvidava disso tudo. A parte amorosa de sua vida jovem, ela não quis me dizer, mesmo eu dizendo todo o fracasso que eu era. Ela dizia que não queria me deixar triste contando coisas que não iriam me fazer sentir bem, pois, disse que não era tão diferente do que eu era. Se eu era essa coisa patética e já ficava triste por mim, nem quis saber, que era para não ficar triste por quem eu zelava. Me contou que teve um gato (!) e que passou a odiá-los após esse gato rasgar uma de suas bonecas. A favorita. Sua mãe tentava explicar que ele não sabia o que fazia, que era muito filhote, mas Bárbara não entendia. Ela amava aquela boneca mais do que a si mesma. Dizia ser sua melhor amiga. Convenhamos que um gato é bem melhor que uma boneca...
Ao perguntar do seu pai, ela falava com orgulho. Não perguntei muito, pois não quis me intrometer demais. Mas o que deu a entender, é que ela gostava mais do pai do que da mãe. Seu irmão era chato, enchia seu saco toda momento, ouvia músicas ruins e gostava de carros. Típico. Hoje ganha a vida na Austrália e vive muito feliz esposa e filhas, como já havia me dito.
Enquanto a gente conversava sobre sua vida, seus pais, hábitos, eu insistia em saber sobre a vida amorosa, até que ela resolveu abrir o jogo. Quando tinha dezesseis anos, ela começou a gostar de uma menino que conhecera uns anos antes. Resolveu contar ao menino e começaram a trocar uns beijos às escuras. Eram bem reservados e não queriam que virasse algo muito público, o que acabou não acontecendo. O que Bárbara não sabia, é que um amigo seu adorava ela, ela era extremamente fofa com ele - mesmo? - e ele era apaixonado por ela sem dizer nada. Pelo o que me disse, coitado, não era bem sucedido de coração. Quando contou à ela sobre tais sentimentos, Bárbara não soube o que fazer. Gostando de um menino que se mostrava indiferente e tendo um amigo tão carinhoso ao lado implorando por um abraço apertado. Essa era a tão temida coisa que tinha para me falar. Ela se odiava por conta disso, ainda hoje. Tentei confortar-lhe dizendo: "Querida, tenho certeza que coisas assim acontecem ainda hoje."...