terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Brasas esverdeadas

Acendi um incenso e li as frases escritas nas minhas paredes
Sentei-me sozinho na cama antes de preparar o café
Senti a brisa que vinha da manhã que não era normal num Dezembro
Antes de sair da cama peguei meu cigarro e meu isqueiro
E te acendi junto ao cigarro
Te acordei do sono profundo que dormia dentro da minha cabeça
Já pedi tantas vezes para que você desapareça
Mas daqui você não sai
Teu sorriso ainda me atrai
E é aquela velha história: penso sobre a morte e sobre seu sorriso o tempo todo
Mas, para mim, as duas coisas são uma só.
E eu não sei me desligar disso.

Olhei para o céu na esperança que caia água
Mas do céu eu só recebi os sorrisos das nuvens e o calor do sol
Lembro de ti até vendo futebol
Ainda não afoguei nenhuma mágoa.
Levantei e peguei o cinzeiro que estava ao lado do notebook
E voltei para a cama.
Dormir mais uma hora, talvez? Afinal, eu preciso.
Há dois anos não sei o que é dormir direito.
Você sempre invade meus sonhos outra vez, e outra vez, e outra vez...
Daqui não sai nada
E cê nem é mais a namorada
Que tanto sonhei na adolescência.

Por que será que ainda me sinto assim?
Por que será que sinto tanta vontade de conversar de novo contigo?
Será que é remorso por ter dado alguma mancada?
Eu não sei. Honestamente, não sei.
Terminei o cigarro, bebi o café e você ainda não foi embora.
Às vezes desconfio que tu tenhas duas casas.
Uma, a sua, onde mora. A outra, meus pensamentos. Meus desejos.
É complicado, cara. Para mim é muito complicado.

Dia vinte e seis, logo após o Natal, eu vou viajar.
Mas não é para algum lugar, fisicamente, perto de você.
É para um lugar onde eu consigo estar mais perto de mim
E
Mesmo tão longe
Um lugar onde eu consiga te sentir perto. Sussurrando em meu ouvido.
Me chamando de apelidinhos idiotas e carinhosos.
Já não quero sentir isso.
E dentro do peito a solidão ecoa.
Não quero mais pensar em você.
Eu quero sofrer por outra pessoa.

Saio do quarto e te deixo na cama, até a hora em que resolva me atazanar novamente
No meio da rua
Na carne crua
Na pele nua
Fazendo com que a água que tanto quero ver cair do céu
Acabe caíndo dos meus olhos.

Eu não sinto saudade.
Eu não vejo tv.
Eu sinto é vontade
De sumir com você.
E botar aqueles planos em prática. Talvez eu deva esperar...
Porque, assim como tu mesma disse, "o nosso tempo ainda nem começou"...

... Sai de mim para que eu possa voltar.
Mas volte daqui duas semanas,
Para colorir o coração
Que quando te vê ferve em chamas.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Acácio não quer acordar no dia de amanhã

Pensar ainda incomoda um bocado
e eu já nem sei mais o que temer
nem o cigarro tá me ajudando essa noite
será que, por deus, desaprendi a escrever?

Sou amigo das páginas em branco
e o meu sofrimento ninguém vai deter
será que se eu for dormir agora
amanhã já conseguirei esquecer?

Meus olhos reprovam a ação da minhas mãos
com tanta pancada na cara a vista vai escurecer
este corpo não aguentaria mais um dia ensolarado
que custa sair do mundo sem que eu tenha de envelhecer?

Um carro que passa em alta velocidade,
um sorvete que, ao sol, põe-se a derreter
será que se eu fumar outro careto agora
amanhã eu tenho a sorte de já morrer?