Eu queria ter nascido árvore. De vez em quando até me sinto assim, mesmo. Gosto disso. Gosto de comparar o ser-humano à uma árvore. Cada vez que choro de dor magoado com as pessoas, transformo-me noutro corpo, onde sou, de fato, uma árvore. E nem assim meu choro é causado por outra coisa que não uma pessoa má que só sabe machucar. Minha pele grossa de casca fraca, já velha, é arrancada de mim e jogada ao chão como se não valesse muita coisa (e vale?). Dou parte de mim para outra pessoa ser feliz mesmo que isso me faça chorar. E que diferença, assim sendo, tem uma árvore grande e bela comigo, se tudo o que faço é me desfazer para que outra pessoa possa sorrir? Se eu fosse uma dessas árvores que são imunes de corte eu seria, também, privado de sofrer? Talvez fosse legal ficar assim sem me machucar, sem que me machucassem, complicado é que, para que isso realmente aconteça, eu teria que me isolar. Não, chega... por favor, chega de solidão.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Post #256
Durante tanto tempo, tudo o que eu quis foi segurá-la em meus braços e poder dizer coisas macias que fariam você sorrir espontaneamente olhando meus olhos. Passei dias ensaiando uma maneira não-tosca de como chegar em você e dizer "Ei, bonita camisa!" sem que parecesse que eu estava afim de falar mais do que isso. Quis ter você ao meu lado para que pudesse me ouvir reclamar do que tanto reclamo, de como minha bicicleta está velha e de como faz um barulho irritante toda vez que pedalo. Tantas vezes achei que você fosse bonita só por olhar como seus cabelos brilhavam. Tantas vezes quis te perguntar "Está bem?" quando via você com um ar triste em sua janela, mas tudo o que fiz foi entrar pra casa e pensar comigo mesmo "Ah, que diferença iria eu fazer?". Hoje me veio à cabeça que, talvez, se eu tivesse criado coragem o suficiente para fazer essas coisas, poderia ter salvo você de quem você é hoje. Por fora você é tão bonita, mas que diferença faz a opinião de alguém assim, esteticamente desfavorecido? Talvez não muito coisa.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Post reclamão.
Estou aqui reclamando de coisas que não têm porquê, novamente. Reclamo do que não me pertence e nunca pertencerá, falo mal de todo mundo para mim mesmo, falando que Fulana está muito gorda, que Cicrano mudou muito e que eu reclamo demais das coisas. Reclamo de como essa noite está longa, reclamo do sono que não vem, reclamo do dinheiro que não tenho, reclamo das coisas que não tenho. Reclamo demais de minhas roupas, reclamo demais do meu tênis e do medo que me sobra. Reclamo de que não tento te dizer e reclamo de não conseguir tentar. Reclamo que estou vivendo errado, reclamo que sou imprestável e insuportável e, junto do Cartola, procuro afogar no álcool a tua lembrança. Essa história de ficar reclamando de tudo isso já é velha mas ainda tenho paciência para confrontar esse tipo de coisa, já me acostumei e me conformei comigo mesmo. Eu não esperava mas aconteceu.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Post #255
Viver só com duas mãos é muito sem graça, por isso estou sempre a bater palmas em portões de casas onde você não mora. Viver só com uma boca é muito sem graça, por isso estou sempre a gritar seu nome por ruas vazias onde nunca irá passar. Viver só com duas pernas é muito sem graça, por isso vivo sempre a correr atrás de você pelo caminho errado tentando te achar numa curva qualquer das mesmas ruas que grito seu nome e das casas com portões que não são seus. Viver sem você é muito sem graça.