segunda-feira, 31 de março de 2014

Um outono em Aokigahara

Pensei que essa seria a decisão certa
mas dentro de mim acho que algo mudou.
Não consigo entender o que rola na minha cabeça
não faço ideia pra qual lado da rua eu vou
talvez o certo seria esquecer o teu nome
viver longe de quem eu fui, perto de quem sou.
É estranho conviver com esse zumbido nas orelhas
viver longe da pessoa que um dia tanto gostou...
Já não nos vemos há mais de duas semanas
e parece que uma parte de mim, contigo ficou.
Hoje só existem migalhas e os restos mortais
daquela pessoa que um dia cê diz que amou.

domingo, 23 de março de 2014

sun kil moon

passei o domingo todo um pouco cinza
como se nenhum raio de sol tivesse me penetrado
um pouco confuso com minha situação
ouvindo o disco novo do sun kil moon
e tentando me concentrar em projetos da faculdade
mas nada parece certo
minhas ações dizem o contrário do que eu parecia querer
e eu me sinto arrependido
e meu peito vive carregado
carregado de saudades
carregado de vontades
e eu só queria passar esse domingo cinza deitado contigo.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Por las calles de Curitiba

Fico triste com um bocado de coisa
E até por coisa que eu nem lembro.
Às vezes planejo quando é que vou ser atropelado
Às cinco da tarde na Sete de Setembro.

Não sinto mais o gosto das frutas
Maçã, melão, uva, pêra e mimosa.
Perco dias imaginando como seria
Ser atropelado por um vermelhão na Rui Barbosa.

Penso até na música em que eu estaria ouvindo
Meus fones estourariam com Balaclava.
Mas essas coisas eu só imagino
Quando acontecem na Visconde de Guarapuava.

Passo no China da Tiradentes
Compro um litrão e um pastel.
Subo até o último andar do prédio
E meu corpo cai numa rua do Batel.

Acabou por acontecer de um jeito bem simples
E hoje minha mãe dormirá aos prantos.
Meu corpo acabou de ser acertado
Por um caminhão em plena Edson Campos.

Too cold

Donniezinho sabe como eu me sinto

sábado, 1 de março de 2014

Desenhei a melhor imagem de mim dilacerando corpos, cortando os pedaços de quem eu amava

Estou cansado de imaginar coisas tristes. Puto por sentir esses fantasmas em minha volta. Não aguento a pressão que faço comigo mesmo e não consigo suportar este peso que está em minhas costas. Não quero mais imaginar que minha namorada não me ama. Não quero mais imaginar o funeral dos meus amigos mais próximos. Quero viver com a imagem da minha casa sendo assaltada fora da minha cabeça. Quero não ter que visualizar o rosto dos meus pais queimando. Quero não mais imaginar eu me esfaqueando, chorando no meio do sangue enquanto soluço. Não tô a fim de conviver com meus demônios - nem sei o porquê de chamar isso de demônio, já que imagino o próprio bem mais suave. É uma e vinte da manhã e estamos todos longe de casa. Não quero mais imaginar o fracasso da minha vida adulta. Não quero mais pensar em como o cigarro me atrapalha quando corro. Não quero mais pensar no fato de que sou o tio que não presenteia as sobrinhas. Quero ter uma vida normal. Com minha gata Azazel a miar perante a mim me pedindo leite. Ouvir meus LPs do Belchior dentro do meu quarto enquanto chove forte lá fora. Comprar pão às cinco da tarde e passar um café não tão forte. Escrever meus textos, poemas e contos na sala de casa - seja com caneta ou seja com o teclado do meu computador. Quero receber as visitas aos fins de semana e tentar encontrar uma fuga desse jogo sujo. Caralho, como eu odeio quando as canções tristes do Colligere fazem sentido.
Preciso correr mas ainda não sei pra onde. Não quero ter de noticiar meus mais chegados sobre minha própria morte. Mamãe precisa ser forte ou meu psiquiatra precisa aumentar a dosagem dos meus remédios. Não sei. Tá tudo um pouco confuso.