quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Neil Hilborn e o TOC

Quase três da madrugada. O ano está acabando. Hoje já é doze de dezembro e faz frio em Curitiba. Lá fora chove. Garoa. Chuva fria que cai sobre minha cabeça de cabelos sujos. A camiseta é a mesma do Dance of days de dias atrás. Dói meu dente. O siso inferior da direita tá começando a nascer e me deixando louco. Logo agora, no fim do ano, quando eu e meus amigos estamos com vontade de viajar, passar meu aniversário na praia, essa porra começa a doer. Nunca é tarde para se foder mais uma vez.

Acendi mais um cigarro. Não vou lá fora fumar porque tá chovendo. Vou fumar aqui mesmo. Essa noite abriu meus olhos. Estive assistindo ao vídeo do rapaz com TOC que perde a namorada, tão ligados? Ele usa o TOC pra falar dela, de como ele agia e de como costuma agir depois do relacionamento. E, juro por Deus, é exatamente como eu me sinto. Vocês podem dizer "mas você nem TOC tem, seu idiota", e eu com a boca cheia de remédios vou mostrar que a medicação forte que tomo também é pro TOC. E, sim, escrever TOC sempre em caixa alta também é TOC.

Eu tava com medo de assistir a esse vídeo. Vi dezenas de pessoas compartilhando ele no Facebook, mas fiquei com medo de assistir. Fiquei com medo de me identificar. Fiquei com medo de que suas palavras não saíssem da minha cabeça. Fiquei com medo de me encontrar nas palavras daquele bonito rapaz. Sim, ele é bonito e você pode estar pensando que, para ele, deve ser fácil namorar. Deve ser fácil encontrar uma outra namorada. Mas as coisas não são tão fáceis quando cê tem TOC.

Talvez se esse vídeo tivesse sido lançado ano passado, as coisas teriam sido menos conturbadas. Não pude deixar de comparar a história dele com a minha. Como vocês já sabem, eu tive uma namorada. Escrevi sobre ela aqui algumas vezes e eu estava bem feliz. Mas acabou. E depois que acabou, não sei, nunca mais nos falamos. Até tentei manter contato, mas ela nunca quis. Vai ver que pra ela ex's não podem ser amigos ou ter algum tipo de convivência. No vídeo, ele diz "... Ela me disse que eu estava tomando muito o tempo dela." e "... Me disse que não deveria ter deixado eu me aproximar dela, que tudo isso foi um erro". Sabe... Isso dói um pouco dentro do meu peito. Dói como o meu dente do siso. É como se eu também não devesse ter me aproximado dela. É como se, molhado de lágrimas, eu fosse algum perigo por querer estar ou falar com ela a todo momento. Talvez tivesse sido muita pressão por parte minha, talvez tenha sido muito sufocante, mas nunca foi por mal.

E, mais uma vez parafraseando Neil Hilborn, o rapaz do vídeo - "Eu não consigo sair de casa e achar alguém novo porque eu sempre penso nela". Pois é. Um ano se passou e eu me apaixonei de novo. Saí com pessoas novas, conheci pessoas novas, mas eu nunca deixei de pensar nela ou nas coisas que ela poderia estar fazendo, as companhias que ela poderia estar tendo, os caras ou as gurias que ela poderia estar beijando. De certa forma, pensar nela consumiu boa parte do meu ano, mas nunca vi isso como algo ruim porque ela significou uma coisa muito boa em minha vida. Caralho, olha o tamanho desse texto. Já estou no meu terceiro cigarro... Não sei se hoje eu a queira de volta. Acredito que não, mas não recusaria depois de algumas boas conversas. Eu sempre deixarei a porta destrancada pra você. (escrevo isso mesmo sabendo que pra você é diferente e não faz questão de voltar a falar comigo... e você não sabe como pensar nisso me corrói).