sábado, 29 de junho de 2013

O melhor sonho que já tive na vida

Essa noite tive um sonho muito confuso
onde eu me relacionava com pessoas desconhecidas.
Bebia tudo o que via
comia tudo o que vinha
fumava tudo o que aparecia
e, no sonho, nunca havia me sentido melhor
era todo mundo rindo de qualquer coisa
mas rir, rir mesmo
rir até chorar
até soluçar
até quase vomitar.
Muito confuso
quanto mais tapa na cara e puxão de cabelo ela levava
mais abraço e beijo na boca eu ganhava.
Muito confuso
porém
uma delícia.
É isso o que eu quero pra vida
que esse sonho se torne realidade qualquer dia.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Noites gostosas de Curitiba

A beleza exterior de cada pessoa
é a primeira coisa que teu olho nota
é como se fosse uma roupa cara
colocada na mais bonita vitrine.
Essa noite foi de uma beleza completa
pois, sem querer, conheci pessoas bonitas (por fora e, pelo visto, por dentro)
obrigado por terem feito minha noite, Bianca e Ramine.

(desculpa se a grafia está errada. Enfim, foi muito bom ter conhecido vocês).

(minha forma de agradecimento.)

domingo, 23 de junho de 2013

I would set myself on fire for you

Estou a viver um momento estranho
do céu está a cair uma chuva de gin
raios, pego-me sempre a perguntar:
"Por que alguém se apaixonaria por mim?"

I would set myself on fire for you.

Toco até violino para te ver sorrindo
vou nadando daqui até o Egito.
Ah, tu não gostas do meu sorriso?
Desculpe por não ser mais bonito.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sangue e fogo

A cidade está a queimar e o que urge fazer é enforcar o último rei com as tripas do último frade. Responder à sangue e fogo a violência da polícia. Patriota continua a rimar com idiota.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quando meu vício em Axonium e Efexor tem uma pausa, quem sofre são meus demônios

Esqueci de tomar os remédios na noite passada
agora estou morrendo com meu comportamento
quanto mais o tempo sem remédio tá passando
mais dentro de mim nasce alguém violento.

Tenho vontade de xingar a todos
tenho vontade de quebrar tudo
queria não me esquecer de tomar os remédios
queria, agora, sumir desse mundo.

Agora os tomei numa tentativa desenfreada de parar com esse sofrimento
na vitrola coloquei meu disco favorito do Belchior
desculpe, caro leitor, por fazer você ler tamanha bosta
é que escrever na internet me deixa melhor.

Hora de dormir pra não machucar ninguém

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O encontro de doutor António com seu paciente mais querido

(António Coimbra, 39)

          Dia desses conheci um rapazinho que me chamou bastante a atenção. Neto Lisboa era seu nome. Ele entrou pela porta do meu consultório - que também é minha casa - e sentou-se à mesa como quem pedisse licença ou estivesse acuado. Ele não parecia ter confiança em si próprio. Disse que veio até mim na busca desenfreada por paz dentro de casa. Disse que já não aguentava brigar com os pais. Neto tem apenas vinte anos, mas, carrega uma coluna de setenta. A barba é por fazer e tem olheiras. Ao menos os dentes eram bonitos. Não eram brancos, eram amarelados, mas tinha um bom hálito. Sorriso tímido e estranhamente chamativo. Era um bom menino. Mais do que conversas, Neto buscava um amigo. Alguém que o não risse das coisas bobas que ele dizia, dos planos mirabolantes de mudança de vida e nem que achasse que ele era um idiota sem fé no futuro. Neto queria companhia.

           - Olá doutor - disse sentando-se à mesa - venho atrás do senhor porque não aguento mais me sentir sozinho. Eles dizem que eu pareço não ter vontade nenhuma na vida, mal sabem eles, que minha vontade de morrer é a maior que há. - tremulava as mãos e coçava a orelha direita. Me ajuda, doutor!
           - O que podemos fazer com você, hein? Tu me chegas aqui e me diz uma coisa dessas. Isto é muito pesado. Vamos, aperte minha mão. - timidamente ele segura minha mão direita e a balança - pronto, agora estamos apresentados. Podemos ser amigos.
           - O senhor já sentiu vontade de morrer, doutor António?
           - Nunca.
           - Então o senhor não sabe o que estou a passar na vida. Levanto da cama e escovo os dentes, cada ato que faço, é uma vontade de morrer diferente. Afogado, degolado, espancado... Qualquer forma que possa me livrar de viver.
           - E por quê? Digo, o que te fazem para que essa vontade venha?
           - Penso que seja alguma forma suprema que me comande. Vivo bem, meus pais não merecem um filho como eu porque já sofreram muito na vida. Essa vontade é infundada, eu odeio sentir.

           O menino começa a chorar. Ofereço-lhe lenços de papel que me são negados e, de repente, um soco cai sobre minha mesa. Pergunto o que ele está a fazer e tudo o que ele diz é que 'precisou' fazer aquilo. Para quê? Não sei. Alguma coisa me chama a atenção neste menino...

terça-feira, 11 de junho de 2013

"A cidade que me quer morto"

Como disse há alguns dias, estou num projeto com uma amiga que mora em São Paulo. Estamos escrevendo "A cidade que me quer morto" e temos um outro endereço: A cidade que me quer morto.

Se vocês quiserem acompanhar, o endereço tá ali. A gente vai estar atualizando conforme o tempo nos permitir. Vai virar livro essa porra!

Beijo doce.

Memória

Tenho notado uma melhora em mim dentro desses meses desse ano
quando músicas param de fazer sentido
ou param de machucar seus ouvidos
quando nomes de pessoas deixam de fazer sentido
quando você começa a esquecer datas
a esquecer dialetos que a gente inventou
pois eles já não parecem vir com precisão.

Estou adorando me sentir assim
mas ao mesmo tempo me dá um frio
um frio...

domingo, 9 de junho de 2013

O velho

Tenho 56 anos e moro perto de antena de celular porque quero
eu poderia muito bem morar no centro perto dos bares
perto dos botecos
das pizzarias
dos shoppings e outras coisas
poderia morar no meio do mato
isolado de toda vida humana
mas prefiro morar perto das antenas de celular
poderia morar no Água Verde
tenho dinheiro para comprar um apartamento por lá
mas prefiro morar na parte mais alta da cidade
perto das antenas de rádio e de celular
dizem que assim é mais fácil pra ter câncer
porra
eu tenho 56 anos e não tenho filhos
já estou a fazer hora extra
quero mais é morrer logo.

Peso

Desce gole de cachaça
desce, também, gole de vinho.
Enquanto o tempo tá passando
vou ficando mais sozinho...

... E o tempo pesa, cara... O tempo pesa...

domingo, 2 de junho de 2013

Several ways to die

Pode ser de câncer
ou podes ter um derrame
se for um suicídio só vão lembrar do vexame.

Pode acontecer de ser atropelado
ou, se tiver sorte, vai ser de velhice
num tempo em que toda brincadeira vai soar como criancice.

Às vezes vai ser de tiro
nunca se sabe
o importante é dizer tudo antes que seu tempo acabe.

Facada
pancada.

Pode ser de coisa simples
morrer de sono
morrer de fome
morrer de prazer, como quer toda mulher e homem.

De doença
ou de tesão
de qualquer maneira que encha-te o coração.

Pode acontecer de acabar a vida simplesmente com uma mentira
(tem gente que morre por coisa pouca)
morrer de tanto gritar e acabar com a voz rouca.

Acabar com problema no fígado
ou até mesmo na garganta
passar do lado da morte e ficar o resto da vida coberto por uma manta.

Tu podes até escolher a forma que preferir

Morrer de frio
ou morrer de calor
ou fazer como eu, que escolhi morrer de amor
porque é isso o que tá tendo
igual ao ditado do poeta
"tão bom morrer de amor
e mesmo assim continuar vivendo".

sábado, 1 de junho de 2013