quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sem nome mas com nome

Alegria é algo muito raro
Sem mancada, é algo que eu não tinha.
Mas consegui sentir o seu cheiro
Quando tua boca encostou na minha.

Era como se eu fosse
uma fogueira
que por falta de lenha
se apaga.
Várias garotas rodeavam-na
com violões e lanternas
e mochilas.
Eu me apaguei.
As gurias foram embora.
Então, você chegou... E trouxe
munição nas mãos,
cabeça e coração e,
com muito cuidado,
reacendeu-me.
E eu te amei por isso.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Toda sexta-feira é a mesma história

          "Qual a política dos nossos desejos?"

          Chegou a sexta! O dia em que várias pessoas saem de sua rotina semanal e buscam sentir o lado doce da vida. Cada um tem a sua fuga. Cada um parece não ir muito com a cara dos dias que vêm antes dentro da semana, deve ser por isso que amam tanto a sexta-feira.

          Para mim, ela também é um dia especial e já começa diferente do resto. Nos outros dias existem fantasmas que costumam assombrar o lugar que mais habito - meu quarto. E é muito chato quando o seu lar não é mais tão confortável. O que será que acontece com os fantasmas na sexta? Será que também curtem como nós, meros mortais? Vai ver o trabalho deles é me atormentar durante a semana e na noite de sexta, como todos, ficam longe de seu trabalho habitual. Safados!

          Lavei o cabelo na noite passada e isso o deixa muito do meu grado na sexta. Eu gosto. Me sinto bonito pra caralho e isso é muito bom. Acabo trocando uma ideia mais suave com meus pais. A gente gargalha. As sextas deles são diferentes também. Saio de casa esperando pra ver uma mina de Letras que sempre está no ônibus em que pego na vila. Seus cabelos e óculos me encantam muito. É muito legal poder ir até o terminal com essa tua beleza. Espero que um dia leia isso.

          Toda sexta é a mesma história. Me sinto bem com meus traços, minhas curvas e imperfeições. E isso aguça a saudade e a vontade de beijar na boca. Não vou mentir pra você, leitor, eu saio toda noite de sexta com essa chama acesa e ardendo dentro do corpo. E até não escondo de ninguém. Quando vou pra faculdade, sei que vou acabar me apaixonando quarenta e tantas vezes - às vezes, pelas mesmas pessoas de sempre. Mas eu não conto pra ninguém.

          Quando a aula acaba, eu e meus amigos temos o costume de nos encontrarmos para tomar cerveja e falar da semana e das novidades de cada um. Dois dos meus brothers  estão namorando e as meninas são super queridas. É massa de ver a galera sorrindo pro amor - mais bonito ainda é o amor sorrindo de volta. Corro o risco de ver minha ex-namorada com o novo namorado dela. Mas esse fantasma não me amedronta mais. Se a vida acabar por nos colocar cara a cara novamente, cumprimentarei-a com um abraço e um aperto de mão no seu novo rapaz, desejando o amor aos dois. Não tem motivo para querer o mal a eles. Não tem porquê desejar o mal onde o amor está imperando.

           A noite cai e hoje ela tá quente. Vai ter gente pra caralho no bar. Vai ser muito lindo poder rever os amigos e ver os corpos bonitos dançando no baile ou à luz da lua. Outra coisa que desperta aquela velha vontade de beijar na boca. Tudo, na sexta, é muito alegre, mas eu tenho o pequeno problema de não conseguir dizer tudo o que quero. E eu sempre acabado indo embora com a vontade ainda maior. É isso o que eu odeio em mim. A gente vive num sistema emocional onde o menino tem que dizer as intenções à menina e eu simplesmente não consigo fazê-lo. E, por deus, como eu me odeio por isso. A noite acabou, dei muita risada e foi muito agradável, porém, zero beijos.

           Toda sexta-feira é a mesma história.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Hermes Aquino é meu único amigo essa semana

Eu tô passando por uma confusão muito, muito brutal dentro de mim. Não tô com vontade de responder mensagens, de conversar ou ver ninguém, de sair de casa pra ir à faculdade quanto mais sair de casa no domingo pra ser mesário das eleições. A única coisa que tem me confortado é o disco do Hermes Aquino e as canções de Belchior. Não me sinto estimulado a fazer nada. Não me sinto animado pra ir ao bar beber cerveja com xs amigxs. Não quero fazer nada. Quero ficar deitado na minha cama o tempo todo. E nem dormir eu tô conseguindo. Não me lembro de quando foi a última vez que me senti tão desmotivado. É foda. Não vou mentir, eu sinto saudade das pessoas sim, mas é algo mais forte que eu. Gostaria que vocês entendessem isso. Choro sem querer a todo momento, acendo um cigarro pra tentar me acalmar mas isso não tá funcionando. 

"Já não precisas mais voltar pois na tua volta quase nada vais achar.
Já não preciso de você. Me fiz poeta inspirado no sofrer."