quinta-feira, 12 de março de 2015

And still in hope for dreams that never come true, you take your pieces from the ground and try to rebuild yourself, but this dead skin isn't you anymore

Oi, gente. Há tanto tempo que não sento aqui para escrever algo como esse que nem sei mais se ainda consigo fazê-lo. Vocês estão bem? Eu, como sempre que faço posts assim, não tô muito, não. E, como também de costume, não sei bem o motivo. Eu troquei de celular duas vezes desde a última vez que fiz um post assim. Minha barba foi aparada várias vezes desde que fiz um post assim. Meu cabelo parou de crescer bastante desde que fiz o último post assim. Eu ainda era virgem quando escrevi o último post assim. As coisas mudam, não é mesmo? Pois é.

Eu estou na faculdade. É. Comecei ano passado a fazer minha opção 2 quando eu era vestibulando. Não obtive muito progresso porque a dolorosa me assolou e me encurralou dentro do quarto como ela sempre fez. Esse ano eu comecei diferente. Tô até indo pra aula. Mas vou ser sincero - na última quarta-feira eu fiquei em casa. Menti que não estava muito legal e pedi pra alguém assinar a chamada pra mim. Eu sei que isso não é certo, mas se eu falar que não tô legal, o que vão dizer pra mim? As mesmas bostas moralistas de quem não sabe como é guerrear consigo mesmo todos os dias? Ah, sei lá, prefiro mentir. Dói menos.

Um amigo meu, que fiz na faculdade, acabou se tornando uma das pessoas mais importantes pra mim nesse ano que passou. A gente não conversa todos os dias porque eu não tenho aula todos os dias. Mas, de vez em quando, ele aparece no chat do Facebook e a gente troca uma ideia. Dia desses ele me falou que é preciso ter expectativas. E ele não está errado. Expectativas existem para serem superadas. Mas, eu não consigo pensar assim. Vocês sabem bem como eu me sinto a respeito disso - me acho meio bobo escrevendo isso sabendo que não tem muita gente que lê isso. É assim. Não gosto de criar expectativas e minha vida tem melhorado com o passar do tempo sem elas. Não boto mais fé nas pessoas que conheço e nem acho que elas me tirarão do abismo em que caí. A única pessoa que pode fazer isso sou eu mesmo. Apenas eu. E eu tenho saído dele aos poucos. Tenho me sentido melhor desde a última vez que escrevi um post assim.

Tenho saudade de beijar na boca. De enroscar a língua numa outra língua. Sentir os dentes batendo nos meus dentes. Encostar sem pretensões os lábios em outros lábios (ou 'selinho seco' como apelidaram). Sentir-me vivo. As pessoas que me conhecem dizem "Ah, mas você tem muitas oportunidades!!!!!". Até tenho. E é uma pena eu não sentir atração por meninos.

O sol começou a brilhar no meu quarto depois que descobri como abrir as cortinas. Porém, o primeiro disco do Colligere ainda faz um sentido do caralho. "Quem constrói a verdade controla sua vida". E eu vou terminando por aqui, porque comecei a ler uns posts de 2012 e, sem querer, lembrei de você. Qualquer hora eu volto, apesar de não ter muito o que contar.

Um beijo!

sábado, 28 de fevereiro de 2015

tristeza é rebelião

amanhece mais um dia logo às três da manhã
fica até as sete horas no quarto fantasiando o luto
não merece a claridade e bondade
deste sol injusto
num ato falho que nasceu de um impulso
chorando deitado na cama
põe-se a dormir de bruço.

no meio da tarde levanta pra mijar
e pega um cigarro desbaratinado
quando chega a hora do almoço
como com louvor o rango requentado
pelos pais sente saudade de ser abraçado.

ao som de grey skies ele chora copiosamente
como era do seu feitio num passado recente
parece que ter medo voltou a ser recorrente
parece que o mau dia agora é permanente
lembrou de quando ganhava seu próprio dinheiro
e vivia sob o mau olhar de seu gerente.

ele lembra das garotas que cruzaram seu caminho
em meio às lágrimas se mostra, no fundo, sorridente
um soluço que vem rápido mas pausadamente
mostra que a vida tem cura, mas que, sinceramente,
não vai baixar a guarda  para este pedaço de gente.

dizem as bulas de remédio que a pobreza no vocabulário é um sintoma
e vocês tão ligados que disso ele tem de sobra
ele apenas tenta inventar frases desconexas pra rimarem
e, tirando tudo isso, o que ponho à prova?
um coração podre que não cansa de apanhar
uma mente errada que vive em guerra consigo mesma
uma casinha de madeira de frente para o mar
de incertezas e tristezas que nasceu na quaresma.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

quase coadjuvante

eu não li um livro novo. eu não assisti a um novo filme. eu não saí de casa pra passear. eu não fiz nada do que queria. oito e meia da manhã da quarta feira de cinzas. em curitiba, o carnaval todo foi cinza. dentro da minha cabeça tudo é cinza.
percebi que não sou uma pessoa interessante. vai ver eu tenha demorado pra cair na real quanto a isso. sou gordo, cabeludo, fumo e tenho um bigode. o mais perto de ser interessante que eu chego é do ridículo. talvez eu escape muito bem dos beijos de menina, mas não escapo dos dedos que apontam na minha direção que gritam meu nome me chamando de tosco.
não sei nem mais escrever. acho que foi a vida que me deixou assim. de vez em quando sinto um puta aperto no peito. não beijo ninguém há meses. e vocês sabem como eu gosto de trocar beijos. não conheço alguém novo há meses. vou sempre aos mesmos lugares com as mesmas pessoas (que incansavelmente tentam me aliviar desse fardo que tem sido viver - obrigado, pessoas. eu amo vocês!). 
às vezes sinto saudade de gente que não me olha mais no olho. mas logo passa porque eu aprendi a não me importar tanto com elas agora. tenho sentido apenas os anos indo embora e eu sentado num tronco de árvore no meio do nada esperando o que vem depois. sei lá. não sei dizer ao certo quando foi que a vida começou a perder a graça - que patético...
sempre levo as coisas para o lado sentimental. quieto no meu canto, apodrecendo com o passar do tempo, me sinto sozinho. como disse, há meses não beijo uma boca, e isso faz muita falta pra mim. por trás desses dentes tortos e amarelados há um coração quase petrificado bem danificado pela fumaça do cigarro que, acredito, não chega nem aos quarenta e sete anos. estou na rua todo fim de semana pra ver se esbarro com alguém sem querer e derrubo sua cerveja. "seu idiota! não olha por onde anda?", eu imagino que ela gritaria pra mim. sem saber onde enfiar a cara, então, eu lhe pago outra cerveja e começamos a conversar. uma noite, talvez uma manhã, o que vier está ótimo. mas eu preciso aprender que a vida real é brutal, nada parecida com o filme que escrevo no quarto todos os dias.
pensando nisso tudo, pego-me chorando mais uma vez. onde foi que eu errei? esmurro as paredes na tentativa incessante de acabar com essa angústia mas, por deus, que merda é essa que eu me tornei?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

codeine

eu caí na real. eu nunca fui poeta. eu só tenho problemas imaginários que minha cabeça insiste em criar. eu nunca fui amor. eu sou só medo. medo de machucar o outro. medo de me relacionar. medo de fazer alguém chorar. medo de morrer. mentira. esse último medo não existe. aliás, para ser sincero, eu até ficaria grato se acontecesse. desligar do mundo? me desligar das pessoas más que existem? isso seria mais do que o que desejei. mas a partir disso vem o pior medo: e se do outro lado ainda existir gente? eu não sei mais lidar com as pessoas. não quero ter que lidar com mais pessoas mesmo depois de morto. eu não quero mais sair de casa. eu não quero ir ao bar e sorrir um monte de mentiras. eu não quero conhecer pessoas novas. eu não quero conhecer pessoalmente as pessoas que só conheço pela internet. eu não quero sair do meu quarto. eu não quero dar risada e voltar pra casa frustrado. eu cansei disso. eu não quero voltar pra faculdade e ser uma pessoa diferente desta que escrever estas linhas mal escritas. eu não quero sair pra comprar pão e receber o desprezo do padeiro. eu não quero comprar cigarro e receber como troco o desdém da moça do caixa. eu quero que todo mundo vá pro inferno. bando de pilantras.

relaxa, só tô escrevendo isso por estar magoado comigo mesmo. eu não odeio vocês de verdade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Vivi até os oitenta mas deveria ter parado nos cinquenta

Viu a vida passar diante dos olhos
Os corpos diante da palma da mão
Viajou com quem pôde mais longe
Vive com saudade no coração

Caminha todas as tardes até a pracinha
Para alimentar os pombinhos dali
Nunca comeu carne de paca
Quanto mais carne de javali

Trabalhou quarenta anos num lugar horrível
Onde não conseguia fazer amigos
Onde as pessoas não se importam com o outro
E só olham para seus umbigos

Suspira a carne seca que janta
Sentado sozinho à mesa
É rei do seu próprio mundo
Mas sem o sorriso de princesa

Hoje o pobre velho espera a morte
Na janela da sala olhando o João-de-barro
Começou a fumar muito cedo
Pois botava muita fé no cigarro

Agora, sem amigos ou parentes
Ele assiste aos filmes da adolescência
A lágrima corre o rosto enrugado
E de mãos atadas pede clemência

"Ó, meu deus, me leva por favor
Já não tenho a quem fazer sorrir
As pessoas são muito complicadas
E minha vontade é de partir"

Deus atendeu à sua prece
E o levou para morar no seu ninho
Parece mentira, mas até deus o tratava mal
Nem no céu conseguiu ter carinho

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

a morte do poeta

andei até o fundo do mar
capotei com todos meus carros
queimei meus livros do vinícius
e até os do manoel de barros

não tomei banho para ir ao trabalho
não me alimentei como deveria
a tristeza tem batido sempre à porta
e as lágrimas caem em demasia

não escovei os dentes para ir dormir
quebrei meus ossos andando de bicicleta
por desânimo resolvi parar por aqui
e decretar, por fim, a morte do poeta

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

E eu não troco meus livros nem minha coleção de discos por você, então exclamou

Te dei a chave e deixei a porta livre
Você chegou e engoliu a chave
Antes, chorou ouvindo Joie de Vivre
E a bola do gol bateu na trave
Com a cabeça deitada na cama
Pensou no que ainda não esqueceu
Aquela doce voz não mais te chama
E cê lembra, até, do que não aconteceu
O sol já dá bom dia às bolsas dos olhos
E faz frio mesmo com o calor
"Os meus ferinos abrolhos
Nasceram do teu amor"