sábado, 28 de fevereiro de 2015

tristeza é rebelião

amanhece mais um dia logo às três da manhã
fica até as sete horas no quarto fantasiando o luto
não merece a claridade e bondade
deste sol injusto
num ato falho que nasceu de um impulso
chorando deitado na cama
põe-se a dormir de bruço.

no meio da tarde levanta pra mijar
e pega um cigarro desbaratinado
quando chega a hora do almoço
como com louvor o rango requentado
pelos pais sente saudade de ser abraçado.

ao som de grey skies ele chora copiosamente
como era do seu feitio num passado recente
parece que ter medo voltou a ser recorrente
parece que o mau dia agora é permanente
lembrou de quando ganhava seu próprio dinheiro
e vivia sob o mau olhar de seu gerente.

ele lembra das garotas que cruzaram seu caminho
em meio às lágrimas se mostra, no fundo, sorridente
um soluço que vem rápido mas pausadamente
mostra que a vida tem cura, mas que, sinceramente,
não vai baixar a guarda  para este pedaço de gente.

dizem as bulas de remédio que a pobreza no vocabulário é um sintoma
e vocês tão ligados que disso ele tem de sobra
ele apenas tenta inventar frases desconexas pra rimarem
e, tirando tudo isso, o que ponho à prova?
um coração podre que não cansa de apanhar
uma mente errada que vive em guerra consigo mesma
uma casinha de madeira de frente para o mar
de incertezas e tristezas que nasceu na quaresma.

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