quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Muda de lugar

Estação de metrô é uma coisa engraçada.
É muita gente igual indo a lugares diferentes.
Em toda a manhã eu observo o mesmo cara.
Com um lindo sorriso no dente.
Justo quando o metrô pára.
E ele entra sempre no vagão diferente.

Fico imaginando como seria se ele entrasse comigo.
Sentasse do meu lado e pedisse o meu fone.
Eu provavelmente permaneceria parada.
Paralisada.
Com minha beleza cega e insone.

Ele sempre entra no vagão da frente.
Mas nunca olha pra mim.
Queria saber onde ele desce.
Para que essa angústia tenha fim.
Mas ele fica no outro vagão.
Vai ver ele olha pra outra garota
que não eu.

Ele às vezes está de barba.
Às vezes de camisa xadrez.
Ou com camiseta branca feito minha louça.
Ele sempre carrega livros
que se perdem com meu coração
bem lá dentro de sua bolsa.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Areia

Sair sozinho, do jeito que fiquei
náufrago nessa ilha deserta
requer muita experiência. Sou inexperiente.

Ainda sou quase criança
não aprendi muito disso
desde o dia em que você me afundou
venho treinando forte cada braçada.
Devagar, mas há um progresso.

Na beirada que o mar insiste em vir beijar
por distração, construo castelos de areia
à cada mordida que o mar dá na praia
me vem à cabeça como fui tolo
ao perceber que algo que eu julgava ser farol
era apenas uma sereia...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Risperidona

Hoje eu não tomei meu remédio.
Tô me sentindo distante... Me perdendo.
Tô com saudade de mim.
Não ter tomado o remédio foi o melhor que fiz por mim nas férias.
Mesmo assim me sinto distante e com saudade.
Saudade de mim.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

escrito no dia três de maio de 2012


o que estou sentindo é vontade de ser estrangulado
de ser esfaqueado, baleado ou afogado
isso acabaria com o sofrimento de muita gente
faria muita gente feliz e triste
reacenderia chamas já apagadas e abriria torneiras de vários olhos
deixaria muita gente contente e confusa
sem saber o que sentir
se iriam se sentir como no passado
ou se iriam se sentir como no presente
assim mesmo, reacenderia chamas já apagadas
e a cachoeira dos olhos iria jorrar
não digo nada disso por carência
por falta de amor, amigos ou sono
é só vontade que dá de repente
que faz perceber que a gente
nunca foi importante, afinal
é vontade que vem do nada
e que martela a cabeça
faz sangrar e machuca
e mesmo com toda a dor
é o caminho sem volta que todos nós fazemos
vai ver, morrer nem é tão ruim assim.