quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ouca

cabelo curto, sardas, sorriso amarelo e olhos bem claros
tudo vestido com óculos, roupas curtas e uma touca.
o jeito como me domina sempre me deixa em apuros
quando estás a me chamar com tua deliciosa voz rouca.

tu pertences a outro planeta de tão linda que pareces.
algumas pessoas, até, chamariam-te de louca.
minhas pernas querem dançar com as tuas, concedes?
meus beijos querem se perder dentro de tua bouca.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Outro maço de cigarros

Depois que me disseste adeus
procurei, nessa cidade, uma fuga.
Encontrei num maço de cigarros
a minha tão esperada ajuda.

Depois de tudo, comecei a fumar.
Posso te chamar de câncer.
E toda vez que tusso
lembro de ti.
Vem-me o teu rosto à cabeça.
Que merda...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

One more night. One more day.

uma noite fria
sucessor ao dia corrido
desafio você a chegar em casa e não se sentir pequeno.
uma gota de água
tem o mesmo peso
do orvalho das folhas ao sereno.
você chega em casa
não há um gato que lhe peça comida
não há um cão que abane o rabo
feliz por ver você.
não há alguém que passe um café para você
nem alguém que ouça como foi seu dia.
ao tomar banho
não há sabonete
e quando escóva os dentes
é sempre com a escova nua.
parece sempre que falta alguma coisa, não é?
quando sai do banho
liga a televisão até cair no sono
mas o sono não vem e no lugar dele vêm pensamentos
"por que ainda não comprei um carro?"
"por que não saí com a luana anos atrás?"
quando você pega sua chinela e se dirige ao quarto
sente sempre falta de ter o outro lado da cama ocupado.
mais uma noite de solidão
antecessor ao dia que também será solitário.
parece sempre que falta uma coisa, não é?

terça-feira, 23 de julho de 2013

O amor é um demônio desgraçado que vive a me passar rasteiras

Fui lá fora e acendi um cigarro.
Junto dele, queimando, está meu peito
que abriga meu inflamável coração.

Abrigado comigo, por baixo da pele
está você
capaz de confundir meus sentidos
capaz de acender
com meu cigarro
o que eram, até agora, apenas cinzas.

Depois desta noite
não quero saber de ti aqui.
Não quero mais teu sorriso branco
nem teu nariz arredondado.

Por favor,
por favor...
me deixa dormir em paz.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tentando fazer um soneto de madrugada que chegue pelo menos perto do que o Gregório de Matos fazia inclusive com um título extenso

um turbilhão de água cai sobre sua pele
molha sua cabeça enquanto você pega a bucha
dentro de você aquela flor que era viva hoje é murcha
e em meu peito não há mais nada que por mim zele.

enquanto tu molhas tua cabeça na água fria
o sabonete te tira do corpo o que te suja
mesmo que dali o teu corpo já não fuja
junto da pretidão da pele, pelo ralo vai tua alegria.

então, quando você desliga o chuveiro
pega a toalha e vê que ela está molhada
e, mesmo gelada, seca teu corpo nu

enquanto teus pés saem do banheiro
cada batida do coração parece uma facada
e no almoço do teu amado já não estás no menu.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Fotografias

tá fazendo muito frio
e do nada, revendo fotos da minha infância
pensei em você
olhando meus parentes que já estão mortos
os bebês sorrindo que hoje não passam de pessoas tristes
cachorros e gatos que tinha quando criança
minha tia que brigou com meu pai
meu irmão que brigou com minha tia
todos unidos e felizes e contentes
e no meio disso tudo, veio-me você
de certo alguma lembrança
algo parecido
sei lá...
não sei...
vai ver eu só procuro desculpas esfarrapadas para pensar em você o dia inteiro.

sábado, 13 de julho de 2013

Sobrou alguém que você não condena?

por tantas vezes posto a dormir solitariamente
com uma imensurável desrazão de ser
junto das memórias que tua voz insiste em me gritar
eu luto numa luta sozinha para o teu nome esquecer.

dentro do corpo acontecem rebeliões
uma fuga de rebeldes se rebela contra o rei
acabo sendo derrotado por mim mesmo
acabo, por ser, meu próprio carrasco
em frente à multidão que clama pela minha morte
vejo a rapariga que eu tanto amei.

por tantas vezes posto a dormir forçadamente
à base de um banquete sortido de cápsulas coloridas
durmo quase o dia todo e não machuco ninguém
parece bom, porém
toda cicatriz morta que eu tinha, transforma-se em novas feridas...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

sad days are here again

Há meses penso que a frase "sad days are here again" faz tanto sentido. Depois de tanto tempo escrevendo aqui, queria poder contar que vivo de alguma forma diferente, mas, tudo o que liga a mim, está embutido na frase "sad days are here again". Eu adoro esse blog e adoro vocês que lêem, doces leitores-fantasma, mas, penso que algo em mim deve parar. Ou é o blog ou é o resto da vida.

A frase "happy days are here again" também me entristece.

Casa é aonde está o coração?

passar dias fora de casa
rodeado de amigos
de gurias
com bebidas
com cigarros
gargalhadas
lágrimas
lágrimas de tanto rir
dores de barriga
dor de barriga de tanto rir
dor nos pés de tanto andar
bolso pra fora da calça
cartão de créditos estourando
dinheiro da carteira a ir embora
e quando você chega em casa
mesmo depois de tudo isso
morre por dentro
e se sente mais sozinho do que nunca.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Amêndoa

Olá.
Lembram-se do outro blog que coloquei aqui esses dias? Era sobre uma estória que eu estava a escrever com uma amiga de São Paulo, coisa e tal. Se não lembram, cá vai ele: A cidade que me quer morto.
Bem, algumas coisas devem ser esclarecidas acerca do blog, da minha amiga e de nossa estória. Coisas não muito boas, até.

Primeiro:
Eu estava muito contente com o convite que ela havia me feito para escrever junto a ela. Nunca fomos próximos amigos tampouco nos conhecemos de olho a olho, mas, sempre que conversávamos pelo finado MSN, era, sim, uma coisa agradável. A presença virtual dela era uma coisa legal. Cigarros, coca cola e gatos. Enfim, o importante é que eu adorava me relacionar contigo, Amêndoa.

Segundo:
Escrever esta estória foi uma ideia deliciosa que eu adoraria levar para frente. E estava levando. Agora vou soltar às linhas o que está a me acontecer...

A Amêndoa, minha (ex-?)amiga, cortou relações comigo e nosso projeto, pelo visto, foi pelos ares. Deletou-me do facebook e não responde aos meus e-mails. Sinto algo muito triste ao escrever sobre isso, pois, pela primeira vez na vida, estava a escrever algo que eu via um certo futuro. Porém, fui abandonado. Abandonado pela minha amiga e este post é pra dizer o quão triste estou por conta disto.

Beijo, Amêndoa. Precisava mesmo ter me abandonado assim?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mais música

Bright eyes - It's cool, we can still be friends

Yeah, you still kiss me, but it's just on the cheek
Yeah, you still kiss me, but it's just on the cheek
Yeah, you still kiss me sometimes, but it's just on the cheek
You pull away so easily

And I still call you, but I get your machine
And I still call you, but I get your machine
And if I'm lucky I guess, I get your roommate answering
But you're at the bar, or at Gene's

And we go to dinner, but you won't hold my hand
We sit at the same table, but we don't play with our feet
Yeah, we still go to dinner sometimes, but we don't sneak a kiss
When the waitress turns around

And we still watch movies, but we don't share the couch
And we still rent movies, but we don't share the couch
Yeah, we still watch movies sometimes, but you don't lay in my lap
The plot is slow, take a nap

And you even stay over, but now we stay in our clothes
Yeah, you'll even sleep over, but now we stay in our clothes
Yeah, you even sleep over sometimes, but we stay in our clothes
I'm only there so that you're not alone

And you say that I hurt you, in a voice like a prayer
Yeah, you say that I've hurt you, and your voice is like a prayer
Yeah, well maybe I hurt you sometimes, but let's contrast and compare
Lift up your shirt, the wound isn't there

I guess that your truth, is just the ghost of your lies
I guess your kind of truth, is just the ghost of your lies
Yeah, your kind of truth, darling, is just the ghost of your lies
I see through them all the time
So I'm pouring some whiskey, I'm gonna get drunk
Yeah, I'm pouring myself some whiskey, I'm going to get really fucking drunk
I'm pouring some whiskey right now, I'm going to get so, so drunk
That I pass out, forget your face, by the time I wake up.

São 05h25...

... Deixe-me dormir, porra. Saia dos meus sonhos!

domingo, 7 de julho de 2013

A lua

numa noite dessas eu filei um cigarro da minha mãe
não havia nenhum corpo vivo em casa
fui até a calçada
e acendi aquele cigarro
e aproveitei cada tragada como se fosse a última
enquanto fumava, olhava para o céu
é noite, não há estrelas, apenas uma lua solitária

- olá, dona lua, por que estás tão sozinha?
- todas as estrelas me deixaram. ninguém me convidou para sair.
- a senhora está bem?
- estou... estou... estou, também, acostumada a brilhar só por este céu imenso. mas, e você, o que houve?
- eu estou bem, só vim fumar um cigarro com você. espero que não se importe. também tenho me sentindo sozinho e vivido com uma baita saudade que bate forte em meu peito. meu coração bombeia saudade às veias. meu coração é todo saudade, dona lua...

foi nessa noite que me apaixonei pela lua
depois disso vou sempre lá fora pra ver como ela está
às vezes há estrelas ao redor dela e ela me parece feliz
eu queria mesmo era estar feliz feito a lua
rodeada de estrelas quase todos os dias.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A vida toda é saudade.

Olhei pela última vez nossa última foto juntos e senti, novamente, o gosto amargo de saudade. Não de ti, em si. De ti também. Mas mais do que saudade de ti, foi saudade daquilo tudo, da bela atmosfera, da sensação de bem-estar. Saudade do beijo na boca e do abraço demorado. Do "fica aqui" ou das brincadeiras que a gente inventa quando está apaixonado. A vida toda é saudade.