sábado, 1 de março de 2014

Desenhei a melhor imagem de mim dilacerando corpos, cortando os pedaços de quem eu amava

Estou cansado de imaginar coisas tristes. Puto por sentir esses fantasmas em minha volta. Não aguento a pressão que faço comigo mesmo e não consigo suportar este peso que está em minhas costas. Não quero mais imaginar que minha namorada não me ama. Não quero mais imaginar o funeral dos meus amigos mais próximos. Quero viver com a imagem da minha casa sendo assaltada fora da minha cabeça. Quero não ter que visualizar o rosto dos meus pais queimando. Quero não mais imaginar eu me esfaqueando, chorando no meio do sangue enquanto soluço. Não tô a fim de conviver com meus demônios - nem sei o porquê de chamar isso de demônio, já que imagino o próprio bem mais suave. É uma e vinte da manhã e estamos todos longe de casa. Não quero mais imaginar o fracasso da minha vida adulta. Não quero mais pensar em como o cigarro me atrapalha quando corro. Não quero mais pensar no fato de que sou o tio que não presenteia as sobrinhas. Quero ter uma vida normal. Com minha gata Azazel a miar perante a mim me pedindo leite. Ouvir meus LPs do Belchior dentro do meu quarto enquanto chove forte lá fora. Comprar pão às cinco da tarde e passar um café não tão forte. Escrever meus textos, poemas e contos na sala de casa - seja com caneta ou seja com o teclado do meu computador. Quero receber as visitas aos fins de semana e tentar encontrar uma fuga desse jogo sujo. Caralho, como eu odeio quando as canções tristes do Colligere fazem sentido.
Preciso correr mas ainda não sei pra onde. Não quero ter de noticiar meus mais chegados sobre minha própria morte. Mamãe precisa ser forte ou meu psiquiatra precisa aumentar a dosagem dos meus remédios. Não sei. Tá tudo um pouco confuso.

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