domingo, 21 de novembro de 2010

Post #212 (#152 Pt. XXIV)

Desci as escadas com uma imperturbável delicadeza. Eu estava realmente disposto a consertar tudo o que tinha estragado. De colar cada pedaço do coração de Bárbara. O dia estava bonito mas nenhum pássaro cantava. As ruas estavam vazias. Não quase carro nenhum aquele dia, e era meio de semana. Achei aquilo estranho mas nada poderia me deixa não-confiante.
Resolvi parar numa banca de revistas comprar alguns chocolates que ela gostava. Comprei e saí. Sem fazer muito luxo. Eu estava barbudo e com o cabelo curto, quase raspado. Acho que se ela me visse não me reconheceria, então resolvi tentar fazer surpresa... e eu nem sabia onde ela estava. Isso era a coisa que eu mais sabia fazer: criar mundos paralelos onde tudo dava certo para mim e só depois descobrir que nada era real. Continuei andando e passei por uma banquinha que vendia flores na época. Numa praça bonita que tinha um cheiro estranho de vez em quando. Antes de mais nada, pedi margaridas brancas quando olhei uma mulher de costas. Sim. Era ela. Bárbara comprava flores. Não estava preparado para falar com ela naquele momento, eu estava pensando em fazer alguma outra coisa, comprar flores para lhe entregar com os chocolates e tudo mais... conversamos sem muita excelência:

- Ora... que surpresa.
- Olá. - disse surpresa - O que faz aqui?
- Vim buscar flores. Saí com a vontade de te ter novamente. Comprei chocolates, veja!
- Glenn, desculpe, mas eu tenho outra pessoa. Estou aqui para comprar flores para ela?
- Como assim? - com os olhos marejados - como assim tem outra pessoa?
- Sinto muito, Glenn. Você se lembra do que me fez? Espero que você fique bem. Não guardo rancores.
- Como assim? Você só pode estar brincando comigo! Bárbara, eu estou arrependido. Eu amo você! O Doyle sente sua falta, minhas canecas, sofá, chinelos, tudo sem a sua falta. Sentem falta do seu cabelo, do seu cheiro, da sua voz... Por favor, não faça isso comigo!
- Glenn. Isso tudo é muito bonito, mas eu tenho outra pessoa. - sorriso meia boca, como se estivesse gostando de me ver daquele jeito.

Eu já desolado, larguei as flores e saí dizendo um tchau sem graça. Na volta para casa ainda parei para comprar bebidas. De lá em diante, as minhas noites já não existiam mais. Parei de desenhar e a comida em casa tinha acabado. Tornei-me um miserável em pleno centro da cidade.

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