quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Post #191 (#152 Pt. XX)

- Bárbara, você pode por favor me explicar o que é isso?
- Glenn...
- Vamos, diga-me! Por que esse Artur está te mandando essas coisas?
Há quanto tempo isso vem acontecendo?
- Glenn, por que está fazendo isso?
- Responda! - raiva e lágrimas no rosto - O que tem isso?
- Glenn, querido, calma! Você está vermelho. Tudo isso é raiva?
- Não, Bárbara. Tudo isso é indignação! Eu só queria saber o porquê desse
bilhetinho que esse sujeitinho te mandou. Você tem mais desses?
- Pare de ser assim! Ele é só meu amigo, você sabe disso, poxa!
Não me venha com essa crise de ciúmes!
- "Querida Bárbara, adorei te encontrar novamente, podemos nos ver outro dia sem seu namorado por perto? Um beijo de seu grande amigo."
- Isso não me engana. Desculpa, Bárbara, mas acho melhor você sair.
- Como assim sair? Mas e a gente? O que vai acontecer depois?
- Por favor, saia.

Aquela foi, sem dúvidas, a noite mais dura da minha vida. É triste ver como a
felicidade pode nos fazer de capachos e passar por cima de nós com incrível
indelicadeza, fazendo-nos escravos do tempo e de tudo o que possa nos
cercar. Rezei tanto para ter um segundo de paz, que nunca imaginaria
que toda essa alegria fosse virar as costas para mim assim, de repente.

Era sexta-feira. Noite. Fazia bastante frio e chovia. Ninguém nas ruas, nada se via. O silêncio predominava. Um gole seco com sabor angustiante descia por nossas gargantas. O penar do arrependimento me consumia, era maior que o amor que sentiamos um pelo outro. De hora pra outra, tudo acabou. Fingiu-se acabar. Sentia o peso de sua lágrima. Carrega consigo uma profunda dor e um coração despedaçado. Chorava. Soluçava. Acaba de ter o mundo jogado ao chão sem ter, ao menos, chances de salvar o que havia restado de si própria. Sabia eu, que a brincadeira já não tinha mais graça. Quando menos percebi, ajoelhei-me junto a ela e tentei lhe confortar dizendo palavras agradáveis. De nada adiantou. Estraguei mais uma vida sem querer. Minhas mãos desajeitadas, nem de lenço serviram dessa vez. Desesperei-me. Disse coisas terríveis carregadas de arrependimento. Ao vê-la chorar por minha causa, pensei em me matar. Meu orgulho não recuperara corações partidos e nem rostos infelizes. Sentei-me à cama com as mãos sobre o rosto. Joguei-me ao chão desolado, arrependido. Fiquei frio, quase enlouqueci. Tanto drama de nada adiantou. Perdi quem eu amava. Antes de sair, arrumou-se com indiferença. Já não havia motivos para se produzir. A única pessoa para quem via sentido em arrumar-se, acabara de rasgar seus vestidos e cubrir-lhe até o pescoço de palavras cheias de hipocondria. Me esqueceu. Me deixou sozinho ao chão. Antes de sair, sua boca, perdida em lágrimas, disse-me o mais triste que poderia ouvir em uma vida inteira. Me fiz de idiota à rei em segundos, voltando ao posto mais baixo da vida. Disse chorando, que ainda me amava. Que apesar de tudo, ainda me amava. Por conta da minha futilidade perdi, pra sempre, o melhor abraço do mundo. Ainda chovia e ela disse adeus sem olhar para trás. Minha vida acabou ali.

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