sábado, 3 de julho de 2010

Post #166 (#152 Pt. XIII)

Uma noite antes da tal festa da filha de S. Fachada, a gente havia conversado sobre algumas coisas que envolviam nosso futuro. Não pensamos em nada além de morarmos juntos para ver o que sairia dali. Me senti bem aliviado ao ver que ela não queria separar-se de mim - tão cedo, pelo menos. Naquela noite assistimos The Notebook, o chato é que nós dois já haviamos decorado cada fala dos personagens. Isso a gente tinha em comum, nosso filme favorito era o mesmo. Acabamos dormindo na sala mesmo, abraçados, eu ainda não tinha me acostumado com alguém gostando de mim com aquela intensidade. Era tudo o que eu sempre quis. Quando acordei, percebi que ao invés de Bárbara, tinha Doyle nos meus braços, fiquei me perguntando o motivo dela ter feito aquilo. Quando me dei conta, ela estava passando nosso café olhando para mim deitado:

- Você com o Doyle nos braços ficou parecendo um bebê com ursinho.
- Como você é sem graça. Por que fez isso?
- Porque você é lindo!

Falo sério. Meu dia não poderia ter começado melhor que isso. Como a festa era só à noite, eu não tinha o que fazer no trabalho e ela estava de folga, resolvemos andar um pouco no centro. Fomos até a praça central e ficamos lá vendo as pessoas passearem com suas caras de que têm muitos problemas e que ninguém se importa com eles. Foi uma bela manhã de inverno, não havia uma única nuvem no céu para estragar aquele azul. Acabamos comprando uns sorvetes e alguns discos que ela queria. Ela gostava mais de CD's do que de vinis. Como ela trabalhava em sebo, ela tinha algumas artimanhas de como pegar os discos que ela gostava. Maldita! Não quis pegar os discos que eu pedi.
Passamos a tarde em casa nos entupindo de televisão até a hora de irmos até a tal festa. Acho que nunca me arrumei tão bem quanto aquele sábado. Eu iria ser apresentado como namorado de Bárbara, apesar de já conhecer S. Fachada do sebo. Fomos de ônibus, como a gente não tinha carro. O caminho é longo e o lugar era longe demais. Chegamos atrasados, porém, a tempo de vermos a filha de Fachada entrar com aquele vestido de um bilhão. Eu nunca havia sido convidado para esse tipo de festividade. A festa foi bem chata - novidade? - eu fiquei o tempo todo sentado, já que não gosto de mostrar meus dotes de dançarino ao público. Só via Bárbara conversando com S. Fachada toda hora:

- Semana que vem, é aniversario do Glenn! Ele não sabe disso, mas eu quero fazer uma festinha para ele. Os pais dele nunca o fizeram por alguma motivo meio idiota, quero vê-lo feliz em comemorar seu 29º inverno.
- E tu queres que eu faça o que, menina?
- Você poderia convencer o pessoal do sebo para irem lá na nossa casa. Eu tentaria dar um jeito de falar com os amigos do trabalho dele. Nada muito grande quanto a festa de sua filha.
- Ah, esta festa de Maria está uma maravilha que só! Isso aí de seu parceiro é surpresa?
- Sim! Ele não pode saber disso. Ele está olhando para nós, mas nem deve desconfiar do que estamos conversando.

Ela veio caminhando até a minha mesa:

- Quer ir embora, querido?
- Você quer?
- Por mim tanto faz. Festas enjoam fácil.
- Talvez seja por isso que nunca comemoraram o meu aniversario.

Saímos de lá um pouco cansados. Ela se despediu de S. Fachada e de sua filha, saímos do salão e fomos pegar o ônibus de volta. Já era o último, por alguns minutos não teriamos que pedir carona, coisa que eu sempre odiei fazer na vida. Ao entrar no ônibus, me bateu um enorme remorso de ter bebido tanto refrigerante. Quase mijei dentro do ônibus mesmo. Aquela noite foi bem diferente para mim e eu devo tudo isso à Bárbara.

continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário