terça-feira, 29 de junho de 2010

Post #163 (#152 Pt. X)

Resolvemos esquecer todas as coisas tristes que vivemos até aquele momento em que nossas mãos estavam juntas. Esquecer de todas as coisas sombrias que teimavam em nos perturbar e começar uma nova vida, dividindo as coisas boas e coisas ruins um com o outro.
Eu não tinha um amigo próximo, como ela tinha a Clara, então toda minha atenção era voltada para ela e para Doyle. Eram as duas coisas mais importantes para mim naquele tempo. A Clara era uma pessoa complicada de lidar. Ela não se decidia com os rapazes, vivia intensamente e não se importava realmente com as coisas, com exceção do trabalho. Era alegre e vivia sempre sorrindo, talvez por nunca ter se apaixonado de verdade, ou não se importar com isso. Diferente de mim que era dramático para essas coisas.
Em uma noite de quinta feira, estava eu solitário em minha sala ouvindo Silvio Caldas, até que Bárbara me ligou desesperada implorando para que eu fosse até sua casa. Chegando lá, vi que Clara havia piorado e estava estirada ao chão. Soube-se ali que sua doença não era uma gripezinha qualquer:

- Glenn! Cheguei em casa hoje e Clara estava assim!
- Mas por que vocês não resolveram ver isso com um médico?
- Ela é teimosa! Ela acha que remédios e cama curam qualquer coisa!
- Gente, vocês não precisam se preocupar tanto. Eu vivi rápido demais, só estou colhendo o que plantei. - disse em tom tranquilo, como se estivesse drogada.

Ligamos para a emergência e chamamos uma ambulância. Bárbara chorava e isso me machucava demais. A sensação dela perder a Clara, seria a mesma de eu perder o Doyle. Me coloquei em seu lugar e imaginei... Acho que morreria junto.

- Promete que vai ficar comigo! Promete, promete! - pedia chorando incontrolada.
- Eu prometo. Independente do que aconteça com Clara, eu prometo sempre ficar junto de ti, Bárbara! - nesse ponto já tinha me entregado às lágrimas que arrombaram as portas dos meus olhos.

Dormimos aquela noite no hospital esperando por Clara.

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