quinta-feira, 24 de junho de 2010

Post #157 (#152 Pt. VI)

Acabamos passando horas no telefone naquela semana. Fiquei sabendo coisas interessantes a seu respeito e eu, com muito esforço e coragem, acabei falando um pouco de minha vida. Ela não era muito parecida comigo. Gosto musical, literário, comidas... Eram tão diferentes. Isso não era ruim, já que eu estava tão envolvido com ela. Ela me adorava, mas não dizia que gostava de mim, ela era do tipo da garota que gosta de ter certeza do que está sentindo antes de sair falando "qualquer coisa"... ou só era tímida mesmo para dizer que morria de amores por mim - era isso que eu imaginava.
Ela era três anos mais jovem que eu. Fez faculdade de Direito mas não seguiu carreira. Dividia apartamento com uma amiga que conhecera antes da faculdade, só que, diferente de Bárbara, fez o que a vida lhe ordenou. Elas eram diferentes, pelo que me falava. Clara era mais festeira e vivia com um cara por vez. Não se apegava fácil e dificilmente sofria por algum deles. Depois de sua primeira desilusão, em que o menino que gostava na adolescência beijava sua irmã em sua frente, ela não se abateu e resolveu não se importar com isso. Não entendi como ela conseguiu fazer isso com facilidade, achei ela muito estranha por causa disso. Elas já eram amigas de tempo mas Bárbara ainda não havia falado de mim, apesar de Clara ter-lhe perguntado milhares de vezes com quem ela conversava tanto no telefone.
Bárbara me apaixonava com as coisas que me dizia. Ela me fazia rir demais, feito uma criança mesmo. Ela era divertida e bonita. Ela não precisava usar maquiagem para se tornar a mulher mais linda que poderia existir, mas insistia em passar lápis nos olhos e um brilho caía aos lábios. Ela era realmente incrível. Seus cabelos que dançavam aos ombros eram perfeitos. Era atraente e não fazia cerimônia para escolher roupa - amém! Havia perdido o pai quando criança e mãe morava em um bairro próximo ao centro. Tinha um irmão que morava na Austrália, casado e com duas filhas. Era tia, e eu, implorava em silêncio para que pudesse me tornar tio das crianças.
Pensei em convidá-la para vir à minha casa beber um chá, ouvir uma música, dançar sem medo que outras pessoas assistissem, conhecer o Doyle. Mas não o fiz. Não era hora para isso, mas de certa forma, acho que ela sabia que eu queria passar um dia abraçado com ela. De certa forma, ela sabia que eu estava apaixonado.

...continua

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