sábado, 26 de junho de 2010

Post #158 (#152 Pt. VII)

Acabamos nós quatro - eu, Bárbara, Clara e seu novo namorado - indo ao cinema. Fizemos que nem adolescentes, em casais assim, coisa que até então eu nunca tinha feito na vida. Resolvi fazer tudo o que minha adolescência não permitiu; abracei ela fingindo me espreguiçar, coloquei minha mão sobre a dela "sem perceber" no apoio de braço, isso fez ela soltar uma gargalhada no meio do filme enquanto me chamava de "o idiota mais fofo" que ela já tinha conhecido. Não sei, mas eu adorava ser chamado de idiota por ela. Eu imaginava que, o que entregava o sentimento dela, era o modo que se referia a mim. Me xingando de um jeito diferente, ou chamando meu nome de um jeito mais legal. Isso fazia crescer a vontade de ouvir um "te amo" sair daquela boca.
Quando o filme terminou - filme péssimo, diga-se de passagem - levei Bárbara para casa enquanto Clara foi para casa de Michael. Como morávamos no centro, morávamos também perto de tudo, inclusive do cinema. Era uma distância considerável, sete longas quadras que andamos devagar. Aquilo estava perfeito. Só nós dois pelo meio da rua, enquanto a única coisa que se ouvia era as nossas vozes conversando como se a gente fosse amigos desde os dez anos de idade. Eis que no meio desse caminho, a chuva começa a cair sobre nossas cabeças. Eu teria odiado isso, mas nesse momento, descobri que Bárbara adorava banhos de chuva inesperado. Não nos deixamos abater pela água que nos molhava, ficamos feito crianças andando e jogando água das poças um no outro. Cantávamos mais alto que o barulho da tempestade, estávamos de fato muito felizes.
Ao chegar em sua casa, deixe-a novamente na porta e a abracei. E ao pé de seu ouvido, soltei o que estava entalado na garganta:

- Eu te amo.
- O quê? - espanto.
- Eu disse que te amo. Você ainda não percebeu? Todas essas nossas conversas, você me perguntando se eu tinha alguém, se eu gostava de alguém, eu sempre respondia não, justamente porque eu quero você. Não que houvesse alguém, é claro, mas, o que me interessa agora é você... Não acho exagero nenhum eu disser que gostaria de passar o resto da vida ao seu lado, Bárbara. Se você tiver algum outro cara em vista, não hesite em me dizer agora. Pelo menos eu já consegui te dizer tudo o que queria. Acho que até a Clara já se tocou que eu amo você.
- Oh, Glenn... Eu estou sem palavras. - confusa
- Tu..Tudo bem, eu vou entender se você não quiser mais...
Antes que pudesse terminar de falar, Bárbara desceu um degrau e me deu um beijo. O beijo mais longo que já recebi na vida, o tão esperado beijo. O encontro de línguas que marcou nossos corações para sempre, misturado com água que vinha dos nossos olhos e com a água que caía do céu. Me descobri ali, naquela noite de sexta feira, a pessoa mais feliz do mundo todo.

- Glenn! Glenn! Glenn! - eufórica - Eu tinha medo de te dizer isso e você não querer nada comigo. Você me dizia que nunca havia tido coragem de contar para uma menina o que sentia, achei que fosse acontecer o mesmo agora. Imaginei te dizendo todas essas coisas e você me deixando arrasada. Clara me dizia coisas do tipo "Bárbara, até eu sei que ele gosta de você!", e isso me encorajava demais, mas ainda sentia medo de que fosse imaginação... Glenn, você me fez a mulher mais feliz do mundo agora.
- Eu te amo, Bárbara.
- Je t'aime, Glenn!

É isso aí... Para completar sua perfeição, Bárbara sabia falar francês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário