terça-feira, 25 de maio de 2010

Post #115

Foi numa bela tarde quente.
Que eu saí sem direção.
Nas costas levo uma mochila.
E nos meus braços um violão.

Uma canetinha em meu bolso.
Para deixar sempre minha marca.
Cada um com a história parecida.
Subia sempre na minha barca.

Passei muito frio nas noites.
Me fodi bastante na estrada.
Meu coração era como meu destino.
Virado num completo nada.

Meus pés doíam constantemente.
A cada passo que eu dava, sangravam.
E as feridas que trouxe da cidade.
Inquietante, ainda respiravam.

Meu real sonho era ir pra Europa.
E não ficar perdido no meio do sertão.
Mas nasci pobre e vivo mal.
Sem dinheiro para pegar um avião.

Em minha carteira achei um centavo.
Consegui comprar uma ficha pro telefone.
Sol escaldante - sinto muita sede.
E de tanto andar, morro de fome.

Tomei chuva no meio da estrada.
Meu violão ficou muito molhado.
Meu coração que já estava vazio.
Agora está todo encharcado.
Sentindo o arrependimento nas costas.
Parece até que está parado.

Num dia esquecido de novembro.
Na estrada uma moça encontrei.
Com apenas um olhar trocado.
E à coitada nem um sorriso esbocei.

Sentia falta dos meus amigos.
E de todos os dias de calor.
Não há afeto maior nessa vida.
Do que do amigo, o sincero amor.


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