domingo, 3 de março de 2013

Flor

Estacionou o carro na beirada da estrada
e observou aquele canteiro enorme de flores.
Desligou o rádio do carro, olhou no espelho
e dentro dos olhos sentia as mesmas dores.

Abotoou os dois últimos botões da camisa
e do porta-luvas deixou o relógio de pulso.
Levou muitas coisas boas até sua cabeça
lembrou de quando, da vida dela, fora expulso.

Não vinha carro nem de lá e nem de cá da estrada
era apenas ele contra esse mundo hostil.
Para ser menos mesquinho, beijou foto de Helena
ato que transformou-no em alguém menos vil.

Olhou todas aquelas flores no campo
e sentiu a paz correndo nas veias.
Sentiu-se como uma criança comendo doce
estava bonito feito aranha com suas teias.

Os fios da barba se perderam nas pétalas
e na boca dele até se abriu um sorriso.
Não sabia se sorria mais ou se chorava
mostrou-se ser medroso e indeciso.

Permaneceu deitado no meio daquelas flores
o homem que sempre buscou o amor na vida.
Sozinho perante a toda aquela beleza
pegou sem querer o rumo da partida.

Adeus, meu bom homem.

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