terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Rotina

Têm noites em que eu saio do meu quarto, às 2h46, por aí, e subo no muro da minha casa pra ver o movimento quase zerado da rua. O céu está meio rosado. São as nuvens que deixam ele com essa coloração numa hora dessas. Tento botar todos meus pensamentos confrontantes com a insônia ajeitados. Às vezes acendo um cigarrinho pra ver o tempo passar, pro vento bater na minha cara, cuspir-me algumas verdades. Às vezes, também, lembranças inquietas insistem em me atazanar. São como feridas abertas que sangram de vez em quando... E é com elas que me deito todas as noites. Fico no meu muro por cerca de vinte, trinta minutos e vou pra cama. Nesse meio tempo passam carros bem devagarinho pela rua. Passam assustados. De certo o motorista pensa "Mas o que esse louco tá fazendo acordado nesse frio?" e ele nem desconfia de como é difícil ser eu. Ter praticamente tudo e ainda se sentir incompleto, chorar por pouco ou quase nada no meio da rua ou, até mesmo, torcer para que algum dos carros o atropele. Sei lá, acho que preciso de um outro cigarrinho. Merda. Já são 3h57...

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