sábado, 19 de fevereiro de 2011

Perdida (Part. III)

E foi partindo desse modo de vida sem graça e solitário, que fui partindo do trabalho para casa todos os dias. Minha vontade de ficar sozinho confrontava com garotas que eu havia encontrado ao decorrer dessa minha vida. Mas nenhuma dela foi capaz de me fazer sentir um cara tão legal quanto uma delas - Alice. A história dessa garota (hoje, mulher) eu não sei contar. As dezenas de garotas que me fizeram sentir prazer por todo esse tempo não significavam muita coisa pra mim e, de alguma forma, acho que elas sabiam disso. Elas também nunca se importavam com isso, para elas, eu era só outro pedaço de pele que elas usavam e depois descartavam. Não significava absolutamente merda nenhuma. Isso não me machuca porque era recíproco. Eu tive um amigo que era meu oposto. Importava-se demais com quem ele saía, ainda que poucas, e sempre acabava machucado.

Voltando ao assunto central, Alice era uma pessoa incrível quando eu tinha seis anos de idade. Estudávamos juntos, fomos colegas de classe por um ano, e mesmo sendo novo desse jeito, eu sabia o que aquela menina significava para mim. O jeito com que ela me emprestava seus lápis-de-cor era fascinante. Os olhos azuis e cabelos loiros eram encantadores, sem falar no jeito com que ela tratava todos seus coleguinhas. Ela não se interessava por ninguém, é claro, ela tinha seis anos, mas eu sentia algo por ela... nada sério, eu só gostava de estar perto dela. Ela era a melhor companhia que eu pude ter na minha vida. Certa vez, resolvi dizer que gostava muito dela e tomei um fora. Lembro que quando cheguei em casa, perguntei para minha mãe se eu era feio. Ela disse que não. Óbvio, é minha mãe, não poderia vir outra resposta de sua boca. Quando aquele ano na pré-escola acabou, ela se mudou e eu nunca mais a vi. Queria poder ter a chance de vê-la hoje em dia, adulta. Provavelmente está casada, ou até grávida. Mas eu iria gostar mesmo de vê-la.

Dia desses eu morri. Fiquei me perguntando porque não sentia mais as coisas. Até que fui me dar conta que meu chá havia acabado. Só percebi quando cheguei no final do texto.

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