quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E até quem me vê lendo jornal na fila do pão, sabe que eu te reencontrei

Eu queria conversar com você qualquer dia desses. Como se a gente se encontrasse na fila do pão aqui da padaria da esquina. Na fila do caixa ali do Mercadorama da Tiradentes. Bater no seu carrinho e pedir desculpas, depois, trocar um sorriso bobo e deixar escapar uma olhada pros teus peitos. Perguntar "e aí, como tem passado?" e você, de óculos aos olhos e mexendo o cabelo pra trás da orelha esquerda, responder "eu tô bem... eu tô bem.". Perguntar pra mim se eu dei rumo na vida, se eu parei de fazer drama, se as coisas funcionaram depois de tanto tempo. Eu responder que segui com a vida e até consegui me apaixonar outras vezes. Notar tuas unhas pintadas com vermelho vivo. Vermelho sangue. Sangue meu. Dizer "gostei dos sapatos" e você responder sorrindo "pois é, sabe como gosto de sapatos, não é?". Enquanto você pega no braço do carrinho cheio de compras, dá uma olhada de canto de olho e me fala "É..." como quem diz "e então, posso ir embora?". A minha ficha vai cair e eu vou sair da tua frente. Sair, de novo, da tua vida. Esperar que ela nos coloque cara a cara mais uma vez. Você casada com um filho (filho que você não queria ter com vinte anos de idade) e eu dando aulas de Geografia para alunos da oitava série. Minha barba continua a crescer falhada, minha barriga de chopp ainda é característica minha e meus tênis sujos ainda me acompanham. Você, no alto do seu 1 e 70 e tantos de altura, vai gostar de me encontrar. Dizer que se lembra de mim quando escuta "Oxygen" do New found glory (Como se alguém de trinta anos ouvisse New found glory). A vida há de nos colocar frente a frente mais vezes. Espero que eu esteja preparando para estapear sua beleza... Sério, acho que vou te achar bonita para sempre.

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