Ontem à noite eu fui dormir cedinho, mamãe. Eram quase três horas da
madrugada, apenas. Dessa vez, não quis ficar acordado até às dez da manhã do
dia seguinte como sempre faço. Dessa vez, quis ver como era pregar o olho
quando o céu ainda tá escurecido. Achei estranho. Pela primeira vez no ano de
dois mil e treze eu não fui companheiro de noite da lua e de nascer de dia do
sol. Ontem eu dormi sem dar tchau à lua e sem dar oi ao sol. Esquisito.
Sinto-me pesado, como se precisasse dormir, mesmo tendo dormido quatro horas
seguidas, alguma coisa se perdeu, parece que eu preciso dormir mais. Por que a
gente precisa dormir, mamãe? Ou por que eu não consigo dormir? Seria a senhora
capaz de responder esta pergunta? Desculpa qualquer coisa, mamãe. Desculpa se
eu tô agressiva ou se eu tô chorando demais, mas, é que, vai ver, eu só preciso
dormir outras quatro horas, ou, dar um jeito nas coisas. Arrumar uma namorada,
comprar um carro ou um maço de cigarros. Posso sair para comprar cigarros antes
das cinco da tarde, mamãe? Posso ouvir meu Filosofem sem fones de ouvido dentro
de casa? Posso tentar dormir mais quatro horas? Por que eu não consigo dormir
mais do que isso? Eu não sou normal, mamãe?
A senhora me desculpa?
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