terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Alzheimer

setenta e dois anos nas costas
minha esposa está a preparar o café
na bagagem, perguntas sem respostas
usando chinelo com meia e chulé.

a velhinha tem se produzido muito
apesar do derrame tê-la deixada avoada
hoje ela mal se lembra do meu nome
ou que um dia foi minha namorada.

cuido dela porque nossos filhos não ligam
preferem ver seus velhos jogados no asilo.
é impressionante como essa história é real
e impressiona como há quem faça aquilo.

minha velhinha é tudo o que tenho
preparo seu banho e faço nossa janta
às oito da noite a gente deita no sofá
e fica coberto com a nossa manta.

setenta e sete anos nas costas
uma aposentadoria magra de dar dó
o laço do meu amor por essa velha
estará pra sempre marcado com esse nó.

Nenhum comentário:

Postar um comentário