Voltou de lá sem o que buscara.
A triste montanha, então, desabara.
Sem ter nenhum pingo de vergonha na cara.
O passarinho que em sua casa agonizava.
Voou ao longe sem saber o que buscava.
Encontrara na montanha que desabava.
Todo o calor e amizade que precisava.
A montanha reergueu-se para falar com o passarinho.
Os dois viraram amigos de carne e muito carinho.
Partilhavam da grama e do carneirinho.
E ambos achavam lindo o pobre leão-marinho.
Da água, o leãozinho é o bicho que mais reclama.
Porque dormir em água é chato, ele quer cama.
Porque viver no fundo é chato, ele quer fama.
Porque brincar na onda é chato, ele quer grama.
Então a montanha se molhou com ajuda do pequenino.
A grama ficou molhada para alegria do marinho-felino.
Ele brincava na grama e nadava feito menino.
E quando ficava cansado ia na busca de pepino.
Enquanto os três estavam muito felizes.
Ao longe avistaram algo que não os fizeram bem.
Era a desgraça do homem branco.
Fazendo os cavalos de refém.
Eles vieram sentados nos animais.
Como se eles fossem algo sem vida.
O passarinho entristeceu e se foi.
Tomou o rumo só de ida.
Até que um dos homens caiu na real.
Virou para os outros e falou com o bigode.
"Como podemos ser assim tão maus?
Como conseguimos? Como é que pode?"
Então o homem pegou sua espingarda.
E matou quatro dos amigos, sem medo.
Deixando apenas um deles vivo.
Para que pudesse contar um segredo.
"Caro amigo, veja a desgraça que somos.
Somos a pior coisa que há na Terra.
Quero lhe confessar uma coisa.
Antes que com a montanha façamos guerra.
Sempre achei você interessante.
Mas, bem, nosso povo é intolerante.
De nossa natureza nojenta e errante.
Em meio à bondade da montanha.
À simplicidade do leão-marinho.
Contarei a você uma coisa tocante."
O homem de cabelos longos segurou a mão do amigo.
E disse que ele sempre foi o amor de sua vida.
O outro homem, então, deixou cair a lágrima.
Por ter-se agora estancado a ferida.
Com o barulho dos tiros voltou correndo.
Nosso amigo passarinho que tinha ido embora.
Não pôde acreditar naquilo que via.
E percebeu que o mundo era melhor agora.
Os dois homens viveram junto da montanha.
E numa das árvores ficava o passarinho.
Fez-se ali por perto um grande lago azul.
Onde dormia o querido leão-marinho.
Os homens viviam felizes lá.
Longe de toda intolerância.
Repetiam para sempre ao sol se pondo.
Que o forte do ser humano.
Sempre foi a ignorância.
Hoje sabem que vivendo assim.
Estão felizes, não precisam de nada.
Mas quantas histórias existem por aí
Com o mesmo título na fachada?
O amor é o sentimento mais puro.
Que qualquer animal possa sentir.
Portanto não tenha medo de amar.
E nunca se prive de sorrir.
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